Numa segunda-feira marcada pelo clima de emoção do início ao fim, Fernando Diniz encerrou sua segunda passagem pelo Fluminense. Demitido após uma reunião com a diretoria, o treinador gerou choro ao se despedir de funcionários e jogadores no CT Carlos Castilho. O clube deixou as portas abertas para o profissional retornar futuramente, logo depois de um período vitorioso e encerrado em meio ao time vivendo o Z-4 do Brasileirão.
Diniz não quis pedir demissão e mantinha esperanças de que ainda era possível virar a chave sob seu comando. A tristeza tomou conta dele e o fez relembrar o início da segunda passagem no Tricolor: numa mensagem enviada pelo próprio ao presidente Mário Bittencourt, quando sentiu que era o momento de voltar ao Fluminense. Já fora do comando, Fernando Diniz deixou o CT e voltou pouco tempo depois para se despedir oficialmente.
Na despedida, às vésperas do treino da tarde, a emoção se espalhou pelo centro de treinamentos. A ida de Diniz ao local sensibilizou funcionários e jogadores, e a maioria absoluta dos presentes não se aguentou e caiu no choro. Parte destes começaram apenas ao escutar um “boa tarde” do ex-técnico do Flu, e muitos se manifestando sobre seu “legado” na equipe.
Mesmo demitido, Fernando Diniz mantém portas abertas no Fluminense
Diante da sequência negativa enfrentada nesta temporada, Fernando Diniz perdeu parte do respaldo da torcida do Fluminense, porém, manteve apoio do elenco e da diretoria, que através do presidente Mário Bittencourt, já sinalizou que esta segunda passagem não fecha as portas do clube ao profissional, bicampeão carioca e campeão da CONMEBOL Libertadores. Além do profissional, Diniz e Bittencourt possuem uma relação de amizade, levando a entender que esta despedida não se trata de um “adeus para sempre” e sim um “até logo”.
Na mesma linha durante a despedida do treinador, seguiu o capitão do time, Felipe Melo. O zagueiro declarou: “Mais do que futebol, amo a sua vida”, e o citou como um ídolo. O lateral Marcelo, e a dupla destaque da equipe no título continental, John Kennedy e Cano, também homenagearam Diniz, mostrando assim, o quanto o técnico foi possuía o carinho e a confiança dos jogadores, desde os mais novos aos mais experientes. Entre todos os jogadores que prestaram homenagem, o argentino Cano se destaca pelo fato de ter se aliado aos fundamentos do ex-técnico de forma que lhe deram o auge com a camisa tricolor.
Havia sim a cobrança nos bastidores por algo melhor neste ano e resultados positivos para escapar da briga contra o rebaixamento, tendo análises um jogo após o outro sobre o desempenho do Fluminense em campo. Porém, a história foi descontinuada no último domingo, logo depois de uma nova derrota para o Flamengo, por 1 a 0 no Maracanã. Uma demissão na sequência do clássico, ainda dentro do estádio, levaria o time a um cenário tenso e contrariava a ideia do clube de não tomar decisões de cabeça quente, mesmo tendo ocorrido uma reunião de cerca de duas horas entre Diniz, Mário Bittencourt, e os diretores Fred, do planejamento, e de futebol, Paulo Angioni.
Com apenas uma vitória em onze jogos disputados, sete derrotas – quatro delas consecutivas, o Fluminense vive um período como lanterna do Campeonato Brasileiro, e registra seu pior desempenho no começo da Série A desde 2003 (início da disputa em pontos corridos). Sob a necessidade de mudanças, houve a decisão de que era preciso reagir imediatamente, e que com Fernando Diniz, o time não demonstrava forças para isso.
Numa incógnita sobre a possibilidade de contratar um novo treinador para o decorrer do ano ou não, o Tricolor parte para a retomada diante do Vitória, adversário direto na briga contra a degola. Enquanto isso, o auxiliar permanente Marcão, velho conhecido do clube, assume o time e deve seguir no comando mediante as avaliações do Flu no mercado, e a mínima pressa para escolher um novo nome, mesmo tendo à frente uma decisão de oitavas de final da Libertadores da América contra o Grêmio.
Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense F.C.
