(por Leonardo Costa)Uma equipe não ganha três anéis e chega a cinco finais consecutivas de qualquer maneira. É preciso ter qualidade, experiência, coração e um plano de jogo capaz de abrir qualquer defesa que ouse pará-los. Inclusive a dos Raptors, que na primeira partida e meia da série ameaçava desfigurar a imagem ofensiva de um conjunto arrebatador.Os Warriors colocaram em quadra todas essas qualidades em uma segunda parte magistral para virar, não somente o placar, como uma partida claramente desfavorável, e empatar a final.DeMarcus Cousins foi a surpresa que Steve Kerr guardou para o duelo. O pivô começou como titular em uma tentativa de mudar as coisas em relação ao último jogo, mas Cousins ainda não está pronto para manter um nível alto de atuação em um confronto assim. Em poucos minutos já estava com duas faltas e de volta ao banco de reservas. Enquanto isso, Klay Thompson parecia estar um daqueles dias calibrados, anotando os nove primeiros pontos da sua equipe. Do outro lado, Kawhi Leonard estava muito mais incisivo que na partida anterior, dava a réplica. Os Raptors abriram uma pequena vantagem (19-13), mas Draymond Green também estava em alta voltagem, rumo ao seu segundo duplo-duplo na série, ainda que desta vez com muito mais influência no jogo de sua equipe.No mais, quem não aparecia em quadra era Stephen Curry. Terminou o primeiro quarto sem nenhum ponto em arremessos de quadra, 0/3 para ele, todos em tentativas de três pontos. Seus quatro pontos anotados foram de lances-livres, no qual ainda falhou um pelo caminho, algo insólito. Assim mesmo, os Warriors começaram o segundo quarto igualados no placar, mas durou pouco. Siakam, VanVleet, Lowry, Gasol, Powell… Todos começaram a jogar muito, tanto no ataque quanto na defesa, e elevaram a vantagem para 12 pontos. Curry, por sua vez, conseguiu seu primeiro triplo faltando 3:51 para o descanso e nesses 231 segundos finais anotou 12 pontos que deixaram os Warriors próximos no placar (59-54).Agora a grande lição: nas finais da NBA não se pode viver do passado. Nem ainda que seja uma passado quase que imediato. Muito menos se está jogando contra o Golden State Warriors. Os Raptors saíram do vestiário mais relaxados que deveriam e pagaram muito caro. 0-18 de parcial logo de saída para os campeões, com um Iguodala afim de jogo, com Green transformando-se em pesadelo para os rivais, Thompson e suas cestas de qualquer lado e Curry, por fim, anotando com certa regularidade. la-sp-nba-finals-warriors-raptors-20190602.jpg O quase quinteto da morte estava em completo funcionamento, tal qual um relógio, que fez com que os californianos fossem para o último quarto com oito pontos de vantagem (80-88). O embate já não se demonstrava nada parecido com o que fora apresentado na série até então.O último período se iniciou com um intercâmbio de arremessos de longa distância. Lowry e Ibaka contestavam com bolas de três, assim como Quinn Cook havia feito momentos antes. Porém, os canadenses com Gasol, Lowry e Siakam com quatro faltas, negavam-se a ficar de joelhos, ainda mais quando Thompson deixou a partida com problemas musculares. De qualquer forma, os Warriors mantiveram sua vantagem de dez pontos durante vários minutos em que ambas equipes erravam muito mais que acertavam.Só que faltando 1:07 para o final da partida, uma falta técnica de Curry deu o último suspiro de vida aos locais. Leonard acertou os três lances-livres e, na posse seguinte, Draymond Green perdeu a bola e os Raptors ficaram a somente dois pontos do empate com uma cesta de três de Danny Green após dois rebotes ofensivos. Faltavam 27 segundos e a bola era dos Warriors. Os canadenses partiram com uma marcação agressiva e estiveram perto de recuperar a bola, mas não conseguiram e ainda deixaram Iguodala livre. O MVP do primeiro anel dos Warriors, homem com muitas batalhas na costas, se preparou, apontou, disparou e acertou em cheio o coração dos Raptors.Final: Golden State Warriors 109-104 Toronto RaptorsAgora a série viaja para Oakland com um Golden State Warriors de moral reforçada, mas com jogadores baleados (o principal deles Klay Thompson), contra os Raptors que perderam o impulso conquistado ao longo dos playoffs. Porém, que ninguém se engane: nenhuma franquia tem nada ganho, tampouco perdido. Com Kevin Durant observando tudo das sombras, a Oracle Arena será o seguinte cenário onde a maior batalha do basquete mundial seguirá.
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