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NBA

Kawhi Anthony Leonard

(por Marcos André) Sábado, 19 de janeiro de 2008.Desculpa não ter me apresentado antes… é que sou um pouco tímido. Prazer, tenho 16 anos e me chamo Kawhi Anthony Leonard.Eu acho que todo mundo tem um super-herói favorito. Hoje eu tinha um compromisso marcado com o meu. Daqui a pouco, meu time de basquete do ensino médio tem um jogo importante – e, certamente, ele seria o torcedor mais orgulhoso de todos. Seria não. Ele vai ser – seja de onde estiver. Estou falando de Mark Leonard. Meu pai.Ontem, como em todos os dias, ele estava no pequeno lava-jato de nossa família. Estávamos eu, minha mãe, meu tio e meu pai dentro do carro. Foi tudo muito rápido. Alguém passou com uma arma. E deu um tiro. Dois. Mataram meu ídolo. Não sei quem. Não sei por quê.Fiquei perdido. Mas tenho certeza de que meu pai saberia muito bem o que me dizer. “Se esforce o máximo possível em sua vida, filho.” E minha vida é o basquete. É isso que vou fazer. Por mim. Por ele.Então não estranhe. Hoje, 24 horas depois do que aconteceu, eu vou entrar em quadra para ajudar meus colegas de time. Em alguns meses, vou estar jogando basquete em uma universidade – e isso vai me abrir uma oportunidade única. Sei que vai. Daqui a três anos, serei escolhido no Draft da NBA.Em 2013, o título da liga vai estar em minhas mãos. Na partida decisiva das finais, o placar vai mostrar que meu time tem uma vantagem de dois pontos. Restarão só 20 segundos. Eu vou ter dois lances livres para a glória. Mas algo me diz que esse ainda não é o momento – parece que eu sinto que vou falhar. Mesmo que tudo dê errado, eu vou continuar trabalhando. Quero ser o jogador mais completo dessa liga.Uma nova temporada é um novo sonho. Em 2014, vou chegar de novo às finais da NBA. E dessa vez não vou deixar o título escapar. Parece que os detalhes de alguns roteiros são carinhosamente escritos à mão por Deus. O jogo decisivo da série vai cair no dias dos pais, aqui nos EUA. E é nesse momento em que vou ser eleito o MVP da decisão.Daqui a dez anos, lá em 2018, eu vou ter que trocar de time. De país, na verdade. Vou para o Canadá, assumir o protagonismo em uma franquia que nunca sequer chegou a uma decisão da NBA. Mas vai dar tudo certo. Sinto que serei bem recebido nesse novo desafio – e que o futuro guarda um bom caminho para mim.Conquistar meu segundo título seria, acima de tudo, uma coroação. Às vezes, as pessoas acham que ser líder e ser temido caminham juntos. Estão erradas. Quem me conhece sabe que o silêncio acolhedor vale muito mais do que um grito vazio. O som que vem do coração não se mede em decibéis.Dessa vez, não sei o que vai acontecer – mas sei o que meu pai diria. “Continue se esforçando”. E é isso que vou fazer. Eu acho que todo mundo tem um super-herói favorito. E se depender de mim, a partir de segunda-feira, eu quero ser para Toronto – pelo menos um pouquinho – do que meu pai foi para mim.

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