(por Raquel Amaral) Um dos atletas que mais despertou paixões dentro e fora de campo nos últimos anos foi Colin Kapernick. Sem time desde 2017, o jogador anunciou esta semana que faria um treino privado com a participação de agentes de 25 times, o que poderia resultar em seu retorno aos gramados.Mas antes de falarmos do treino, é essencial contextualizar a carreira de Kaepernick e o momento pelo qual o jogador passa. Do encanto ao desempregoKaep ingressou na NFL em 2011, draftado pelo San Francisco em uma escolha de 2ª rodada. Na temporada 2012, após uma lesão de Alex Smith, o jogador encantou a torcida e assumiu a titularidade da posição, levando os 49ers ao primeiro Super Bowl desde 1994.Em 2013, mais uma grande temporada. O jovem QB e os 49ers chegaram a brigar pelo título da NFC, quando perderam para o Seattle Seahawks.À época, Kaepernick chamou atenção pelo seu atleticismo, força no braço e mobilidade.Porém, em 2014, a trajetória começaria a tomar novos rumos. Graças à excelente performance dos anos anteriores, o jogador e a franquia assinaram uma extensão contratual de seis anos no valor de US$ 126 milhões. Kaepernick tornou-se um dos jogadores mais caros da Liga.Porém, nas temporadas seguintes não apresentou o mesmo brilho e o jogador apresentou altos e baixos, o que resultou na perda da posição, em 2015, para Blaine Gabbert.Antes da temporada 2016, o jogador passou por 3 cirurgias e manteve-se na reserva durante os primeiros jogos. Seu retorno à titularidade ocorreu somente na semana 6. Mas em razão da sua queda de performance, seu contrato foi reestruturado.Após a temporada, San Francisco trouxe como novo técnico Kyle Shanahan, que manifestou seu desejo de implementar o mesmo esquema tático adotado nos Falcons, ao qual Kaepernick não se ajustaria. Com isso, o jogador pediu sua dispensa, tornando-se free agent em março de 2017.Em paralelo a todas essas questões técnicas, Kaep trouxe a campo importantes discussões sobre direitos civis. Ainda na pré-temporada de 2016 o jogador permaneceu sentado no banco durante a apresentação hino nacional. Após o jogo, afirmou que fez isso como uma forma de protesto contra a brutalidade aos menos favorecidos.Os protestos do jogador seguiram-se nos demais jogos e tomaram uma enorme dimensão, despertando a ira de alguns e a admiração de outros.Desde então, Kaepernick tornou-se um notório ativista dos direitos civis. Porém, em paralelo sua carreira como atleta praticamente encerrou-se. O jogador, alegando ter sido boicotado por todos 32 times, moveu uma ação contra a NFL alegando conluio para mantê-lo fora de campo.A verdade pouco se sabe. Há informações que o jogador teria sido procurado pelo Denver Broncos em 2016, mas não teria chegado a um acordo financeiro. Também foi dito que em 2017, quase houve um acerto com os Ravens, mas um tweet de sua namorada teria causado mal estar com time.Por outro lado, sempre causa espanto ver um jogador com o potencial de Colin Kaepernick desempregado, enquanto há tantos QBs ruins atuando na liga.A ação encerrou-se há pouco tempo com um acordo. Porém, os seus termos não são conhecidos. Chega a hora do treino: Mais polêmica 27s_Workout_Football.JPG_t1170.jpg O anúncio do treino de Kaepernick com a participação de agentes de 25 equipes causou enorme agitação na NFL.Vale lembrar que o jogador, mesmo fora dos gramados e dedicado às causas sociais, manteve-se treinando, ganhou massa muscular, durante todo o tempo se disse pronto a retornar aos gramados a qualquer momento.Assim, a expectativa era muito alta. Porém, o evento acabou sendo repleto de polêmica.O treinamento deveria ocorrer no CT do Atlanta Falcons. Porém, Kaepernick compareceu e mudou o horário e o local. Segundo o jogador, isso ocorreu para que houvesse maior transparência. Já a NFL alegou que a recusa do jogador em comparecer na data e horário marcados foi por questão de cláusula contratual de limitação de responsabilidade (a mesma que se assinaria nos casos de Combine).Outra questão seria que o jogador queria levar sua própria equipe de recebedores, fotógrafos e cinegrafistas para o treino.Após todos os desencontros, o treino ocorreu 6 horas depois do previsto, em um campo amador, localizado há uma hora de distância de Atlanta, com direito a transmissão pela internet.Porém, a questão da troca de lugar prejudicou a participação dos agentes dos times. Dos supostos 25, somente 6 teriam comparecido.Quem assistiu ao treinamento propriamente dito, pode acompanhar uma entediante (mas necessária) sessão de alongamentos, devidamente clicadas pelos seus fotógrafos uniformizados com camisas pretas “#IMWITHKAP”. Entre o aquecimento, fotos e o início dos arremessos, Kaepernick ainda tirou uma pausa para conferir o celular.Quando enfim começaram os arremessos, vimos que Kaepernick continua com seu braço forte, com capacidade de lançar a longa distância, com bom índice de acertos. Mas só!Um treino de passes longos, sem pressão da defesa e sem o peso dos equipamentos, não permite uma avaliação mais aprofundada da questão.Foram 40 minutos de lançamentos que só nos permitem saber que Kaep ainda sabe lançar uma bola. Mas um QB é muito mais que isso.O agente de Kaepernick afirmou que teria ouvido de um representante da NFL que os lançamentos do jogador seriam de elite, mas não disse quem seria.Após o treino, o jogador falou à imprensa, sem responder a perguntas dos repórteres. Sem modéstia, afirmou que está pronto, que agora “a bola está na quadra” nos times da NFL e que a Liga deve parar de fugir da verdade.Porém, a verdade é que o tão esperado treino foi ofuscado pelo circo criado em cima do evento. Algo que poderia ser uma chance de se avaliar e trazer de volta um grande jogador foi somente um gerador de mais polêmicas, acusações mútuas, cliques e muitas postagens na internet. Decepcionante!Agora o que nos resta é pegar a pipoca e aguardar as cenas dos próximos capítulos desta novela.
NFL
