Diego Falcão seleção
Basquete Notícias

Preparador físico da seleção feminina de basquete é demitido após postagem contra o aborto

Neste sábado (22), o preparador físico da Seleção Feminina de Basquete, Diego Falcão, foi desligado da comissão técnica após uma reunião da Confederação Brasileira de Basquete (CBB).

A demissão da seleção foi concretizada após a entidade ouvir as atletas do elenco brasileiro, entre elas Damiris Dantas e Clarissa dos Santos. A motivação para a dispensa de Diego foi um post a respeito da PL 1904, do deputado Sóstenes Cavalcante (PL/RJ), que equipara a interrupção da gravidez a um crime de homicídio, mesmo que a mulher tenha engravidado em decorrência de um estupro.

Em uma votação relâmpago de exatos 23 segundos, o projeto teve sua urgência aprovada pela Câmara dos Deputados. Isso significa que ele pode ser votado diretamente no plenário, sem precisar passar pelas comissões temáticas, onde poderia sofrer alterações. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas/AL), apoiou a PL, que tem fortíssimo apoio da ala conservadora do Congresso Nacional.

Segundo informações do ge, por simplesmente emitir sua opinião, Diego não poderia ser desligado da entidade. A justificativa usada pela CBB para a sua demissão da seleção foi “quebra de confiança” das atletas para com ele. Falcão não possuía contrato vigente e recebia sua remuneração por intermédio do Comitê Olímpico do Brasil (COB), como prestador de serviços. Ele não consta mais nos quadros de colaboradores fixos da confederação.

A repercussão dentro da seleção

Em uma sequência de postagens, Damiris Dantas falou sobre o caso, criticando a postura do profissional pelo fato de ele trabalhar justamente com mulheres.

“Inacreditável que um profissional que trabalha com o feminino demonstre esse tipo de posicionamento nas redes sociais. O estupro é um crime grave. Que as mulheres tenham o direito de decidir e expressar sua opinião sobre isso. É essencial que nossa confederação se posicione de forma clara e adequada a esse assunto tão sério,” disse a jogadora da seleção.

Em um vídeo de quase cinco minutos postado na sua conta do Instagram, Clarissa dos Santos também comentou sobre o caso.

“Hoje eu ouvi comentários e depois vi as mensagens de um funcionário que trabalha com basquete feminino que repostou um post sobre a ‘PL do Estupro’ e expressando a opinião dele sobre a vida. Mas uma coisa que fica muito difícil de engolir é que o post não estava falando sobre vida, mas sobre morte psicológica, que é o estupro.

Morte psicológica pensando nas que sobrevivem, né? Porque muitas morrem. (…) É triste porque é difícil entender que tem pessoas desse tipo trabalhando com o feminino (…) Estamos aqui falando sobre o mínimo, que é respeitar o outro. Sendo que quando passa pela vida das mulheres, acabamos tendo mais dificuldade. Vivemos isso desde mil novecentos e bolinha,” afirmou.