Após anos muito complicados, o Cruzeiro queria mostrar que está no momento de solidificação da sua reconstrução e, para o Cabuloso, conquistar o Campeonato Mineiro pela primeira vez, desde o bicampeonato em 2018 e 2019, seria motivo de muito orgulho.
Entretanto, do outro lado, o Atlético Mineiro queria o pentacampeonato para continuar sua hegemonia no estado e exorcizar a freguesia do ano conquistando o título frente a 60 mil cruzeirenses.
E, demonstrando um ótimo poder de reação e um conhecimento do elenco de forma muito rápida pelo treinador Gabriel Milito, o Atlético Mineiro fez valer a superioridade técnica de seu plantel para vencer com autoridade o rival, por 3 a 1, conquistando seu quinto título estadual consecutivo, 49º da história.
Muita briga, pouco futebol
O Cruzeiro, empurrado pela sua torcida, pareceu mais ligado no jogo, tentando tomar uma postura ofensiva. Porém, a primeira chance clara de gol foi do Galo.
Aos 7 minutos, veio um lançamento espetacular de Bruno Fuchs, a defesa do Cruzeiro falhou e Paulinho saiu na cara de Rafael Cabral, mas o atacante chutou por cima uma oportunidade enorme.
Logo o Atlético Mineiro adiantou suas linhas e passou a ter mais a bola, entretanto, por mais que tivesse uma presença maior no campo de ataque, o Galo não criava chance clara. A partida era mais brigada do que jogada.
Falta dura de Neris em Hulk, de Zaracho em Marlon, que rendeu um cartão amarelo ao argentino, fora várias infrações picadas que não deixavam o jogo se desenvolver. A final esbanjava ânimos exaltados, mas faltava futebol.
Aos 36’, a melhor chance do Cruzeiro até então. Matheus Pereira fez bela jogada, deu uma caneta em Jemerson e sofreu a falta, que rendeu um cartão amarelo para o zagueiro. Na cobrança da infração, o próprio Matheus Pereira bateu por baixo da barreira e levou perigo.
Após esse lance, nada de qualidade aconteceu. E o primeiro tempo terminou com muitas brigas e pouco futebol. Hulk ainda reclamou de um pênalti não dado, enquanto Lucas Silva levou um amarelo.
Milito muda o jogo e Atlético vira para conquistar o título
Com um senso de urgência maior, o Atlético chegou com mais facilidade ao ataque. Com três minutos, Paulinho fez ótima jogada, pegou a defesa cruzeirense estranhamente aberta, mas, na cara do gol, o atacante procurou Hulk ao invés de chutar e Neris salvou o time celeste, jogando a bola para fora. Após o escanteio, Otávio ainda cabeceou perto da trave.
Só que quando o Galo vivia seu melhor momento, aos seis minutos, depois de um bom roubo de bola e uma jogada bem trabalhada, Matheus Pereira cruzou com muita precisão, na cabeça de Mateus Vital, para o meia-atacante colocar a bola na rede, fazendo explodir o torcedor cruzeirense no Mineirão. 1 a 0 para o Cabuloso, ampliando a vantagem pelo título.
O jogo ficou morno. O Galo não criava chances claras e o Cruzeiro sentou em cima da vantagem, deixando o tempo passar muito cedo. Eis que aos 19 minutos, Otávio descolou um lindo lançamento na cabeça de Renzo Saravia, que entrou na área como elemento surpresa, encobrindo Rafael num belo gol. A partir de então, a partida ganharia contornos ainda mais emocionantes.
O Atlético Mineiro seguiu na pressão e, após muito esforço de Igor Gomes, o meia cruzou a bola na mão do experiente Lucas Silva e, após consulta ao VAR, o árbitro marcou o pênalti. Hulk bateu, Rafael acertou o canto, mas a penalidade foi cobrada de forma perfeita. Aos 32’, o Galo virava no Mineirão.
Em desvantagem, o Cruzeiro foi para cima. Três minutos depois, Marlon cruzou da esquerda e Cifuentes bateu com perigo por cima.
Após esse lance, o Atlético Mineiro amarrou o jogo, estacionou um ônibus na frente da área e sofreu pouco dentro do tempo normal. Entretanto, o juiz deu mais oito minutos de acréscimos para dar ainda mais emoção à disputa.
Só que quando o Cruzeiro se lançou com tudo ao ataque, o Galo encaixou um contra-ataque espetacular. Paulinho trouxe o time para frente, prendeu a bola e esperou a chegada de Gustavo Scarpa pelo meio para dar uma assistência fantástica, o meia driblou o goleiro e marcou o terceiro gol para garantir o título.
Atlético pentacampeão mineiro, após um excelente segundo tempo!
Final: Cruzeiro 1x3 Atlético Mineiro
Jogadores do Atlético Mineiro comemoram o pentacampeonato estadual (Imagem: Fernando Moreno/AGIF)
Comentários finais da partida do pentacampeonato do Atlético Mineiro
O Atlético Mineiro, no começo de trabalho de Gabriel Milito, mostrou resiliência e entendimento rápido das ideias do treinador, para virar a partida contra um rival jogando pelo empate e que abriu o placar sendo empurrado por 60 mil torcedores.
Nicolás Larcamón colocou o Cruzeiro para atrás muito cedo e, em contrapartida, Gabriel Milito tirou defensores para colocar atacantes, virou o jogo e depois formou a equipe com três zagueiros, utilizando três esquemas táticos numa mesma partida com pouquíssimo tempo de trabalho. Parece que o argentino vai dar liga com esse elenco estrelado.
Vale ressaltar Saravia e Paulinho, os melhores jogadores do Galo na partida, além da possibilidade de recuperação de Gustavo Scarpa, que em baixa, anotou o gol do título.
Pelo lado do Cruzeiro, enquanto teve mais briga do jogo, o time estava em casa, mas quando precisou de técnica, o time deixou a desejar. Matheus Pereira foi o melhor da equipe, mas só ele não é capaz de fazer esse time evoluir ao patamar de enfrentar o Galo de igual para igual numa decisão.
Com isso, o torcedor atleticano comemora o 49º título mineiro de sua história, deixando a torcida rival cheia de dúvidas sobre o futuro do time.
