(por Mattheus Prudente)A Arábia Saudita surpreendeu a todos na janela de transferências europeia, levando vários jogadores importantes para a sua liga local. No entanto, esse parece ser apenas o começo para o país, que, após o sucesso da Copa do Mundo no Catar, também quer levar a competição para os seus domínios. No mundo esportivo, a Arábia Saudita já realiza corridas de Fórmula 1 e será o palco dos jogos asiáticos de inverno em 2029. Além disso, será o palco do Mundial de Clubes do ano que vem, e quer sediar mais “eventos-teste” antes das candidaturas para a Copa de 2034 começarem. O que pode ser a Copa da Ásia. Para isso, confira como o país está se preparando para a candidatura de 2034. Cidade futurista e megaestrutura Iniciado pelo ditador do país, Mohammed bin Salman, em 2017, a Arábia Saudita tem um projeto chamado “Visão 2030”, que inclui várias melhorias na infraestrutura do país e grandes construções, como a da cidade futurista de Neom, que custaria cerca de US$ 1 trilhão para ser construída. Se situando no Mar Vermelho, ela seria uma cidade portuária e principal ponto turístico do país, além de uma grande área industrial e uma grande arena de esqui para os jogos de inverno de 2029. O Mar Vermelho é de suma importância para a Arábia Saudita, com o bin Salman ressaltando a importância de tê-lo interligado ao restante do país. Para isso, também será criada uma megaestrutura chamada “A linha”, que terá cerca de 177 km de extensão e liga Neom ao resto do país. A estrutura também terá cerca de 500 m de altura e 200 m de largura, podendo acomodar vários meios de locomoção, além de outras coisas como shopping centers e centros comerciais. Busca por apoio, empecilhos e o “Sportswashing” A candidatura da Arábia Saudita não está sendo muito aceita pelos países do Ocidente, principalmente por conta do histórico de desrespeito aos Direitos Humanos do país. O ditador bin Salman, por sinal, é considerado um dos homens mais perigosos do mundo, com relatos de torturas e assassinatos a seu mando, supostamente. Além disso, o país criminaliza a homossexualidade e tem um questionável histórico de direitos femininos. Por isso, a Arábia Saudita quer melhorar a imagem de seu país, e muito disso está sendo ligado ao esporte. Chamado de “Sportswashing”, o termo significa a prática de indivíduos, grupos, corporações, ou governos, de usar esportes para melhorar reputações desgastadas por ações erradas. O investimento pesado da Arábia Saudita no futebol tem esse objetivo. Para conseguir ter a sua candidatura apoiada, eles se voltam a várias federações de futebol europeias, e esperam que o fato de os times das grandes ligas serem cada vez mais investimentos de árabes (como a própria Arábia Saudita com o Newcastle) consiga amenizar um pouco essa rejeição dos países do Ocidente. A Arábia Saudita, no entanto, vai retirar a sua possível candidatura da Copa de 2030 para não competir com Portugal, Espanha e Marrocos, que é considerada a principal favorita hoje em dia, buscando apoio desses países para 2034. O país também já contatou outras federações nacionais na Ásia e Oceania, além do Equador, para ter esse apoio. O que podemos esperar? Com um lobby tão grande e um investimento cada vez mais pesado, fatalmente teremos a Arábia Saudita forte para ser sede da Copa em 2034. Esperemos, no entanto, que essa pressão ocidental em cima dos crimes cometidos pelos sauditas faça com que eles mudem essas atitudes nos próximos anos.
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