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Enfim, chegou a hora dos Browns?

(por AC Carvalho) Na temporada de 2017 os Browns conseguiram a incrível façanha de finalizar as 16 partidas da temporada regular sem conquistar ao menos uma vitória. Essa marca foi alcançada pela primeira vez desde o Detroit Lions de 2008. Uma vergonhosa mancha na história de uma das franquias dentre aquelas com os torcedores mais apaixonados pelo futebol americano. Antes disso, Cleveland ainda tinha finalizado 2015 com 3 vitórias e 2016 com apenas uma. 4 partidas vencidas num intervalo de 3 anos. Nada bom.Desde então, Cleveland deu início a um ciclo para remodelar a franquia e entrar num caminho diferente daquele que o levava ao topo do draft ano após ano. Entre 2018 e 2019 foram 13 partidas vencidas pelos Browns. Já ano passado foram 11 vitórias na temporada regular e outra nos playoffs, caindo apenas para Kansas City na semifinal de conferência, numa partida que terminou com uma diferença de apenas uma posse no placar.Analisando apenas os números temporada após temporada, é fácil notar uma clara evolução dos Browns nos últimos anos. A mudança de cultura foi drástica e Cleveland passou de uma cidade onde praticamente nenhum jogador gostaria de atuar para uma franquia relativamente atraente para veteranos na atualidade. As 4 vitórias num intervalo de 3 anos evoluíram para uma viagem até a semifinal de conferência no ano passado. Excelente evolução… mas qual é o próximo passo para os Browns? A franquia de Ohio possui um time bom o suficiente para alçar voos ainda mais altos em 2021? E quando se fala em evolução para uma franquia que conseguiu uma vitória em pós-temporada em 2020, automaticamente pensamos em final de conferência e quem sabe em Super Bowl. Por que não?O ataque encontrou um bom ritmo na temporada passada, sobretudo pelo chão, onde conseguiu tirar proveito de um dos melhores Running Backs da NFL – Nick Chubb – correndo atrás de uma linha ofensiva extremamente sólida. Kareem Hunt também fez boa temporada, mas se sobressaiu no jogo aéreo que é o ponto forte de seu jogo. O jogo terrestre dos Browns foi espetacular e Nick Chubb é uma estrela pouco falada na liga, muitas vezes sem receber o reconhecimento que merece… ao menos por parte do público em geral, uma vez que os Browns renovaram o contrato de Chubb nessa offseason tornando-o um dos Running Backs mais bem-pagos da liga. Compensação financeira mais do que merecida.Já no jogo aéreo comandado por Baker Mayfield os resultados não foram tão animadores. Pelo menos não na primeira metade da temporada, quando Cleveland teve disponível sua superestrela Odell Beckham Jr. dentro de campo. A falta de conexão entre Mayfield e OBJ, que era nítida em 2019, continuou sendo um problema em 2020.Odell Beckham Jr. vem sofrendo com passes mal executados em sua direção desde que chegou em Cleveland. Na temporada de 2019, OBJ foi o Wide Receiver com mais “uncatchable targets”, ou seja, passes ruins que não são possíveis de serem alcançados pelo recebedor. No ano passado o cenário não foi diferente: até o momento de sua lesão, OBJ era um dos Wide Receivers que mais sofria nesse quesito em toda a NFL. Apenas 59% dos passes lançados em sua direção foram passíveis de recepção, sendo um índice ainda inferior a 2019.A falta de uma conexão adequada entre Mayfield e OBJ é clara e Cleveland sabe disso. Mesmo que sugerissem o contrário, o último lance de OBJ na temporada passada foi para tirar qualquer pingo de dúvida do mais otimista torcedor dos Browns: OBJ rompeu o ligamento cruzado anterior de seu joelho tentando executar um tackle no defensor que tinha acabado de interceptar um passe (ruim) de Mayfield em sua direção. O lance foi o último claro sinal da falta de entrosamento entre Mayfield e o camisa 13. O jovem QB e seu principal WR jamais estiveram na mesma página.Para essa temporada, Odell Beckham Jr. parece estar 100% saudável e vem impressionando nos treinamentos da equipe. Sua recuperação da importante lesão no joelho foi rápida, mas não surpreendente: OBJ não é um jogador comum. Nunca foi, mas Cleveland precisa saber usar melhor essa ferramenta que possui, pois um OBJ bem utilizado e adaptado dentro de campo é capaz de jogadas inimagináveis, como vimos por tantos anos em Nova Iorque.O complemento do jogo aéreo dos Browns não deixa a desejar: Cleveland ainda conta com Jarvis Landry, Austin Hooper, Rashard Higgins, David Njoku e Donovan Peoples-Jones, sendo que o último vem impressionando durante os treinamentos de pré-temporada e pode dar um significativo passo nessa temporada na disputa pelo posto de 3º Wide Receiver do time.Quanto à defesa, os Browns priorizaram a Free Agency para endereçar parte de seu espaço salarial em jogadores como DE Jadeveon Clowney, S John Johnson, CB Troy Hill, DT Malik Jackson, DE Takkarist McKinley e LB Anthony Walker Jr. Já no draft, Cleveland utilizou suas primeiras escolhas para selecionar o promissor CB Greg Newsome II e o versátil LB Jeremiah Owusu-Koramoah. Um legítimo upgrade na defesa que sofreu um média relativamente alta de 26,2 pontos por partida em 2020, terminando a temporada em 21º lugar nesse quesito. Essas adições devem se juntar a uma defesa formada, sobretudo, pelas estrelas Myles Garrett e Denzel Ward.O defesa contra o passe foi o maior foco dos Browns nesse ano e as adições de John Johnson, Troy Hill e Greg Newsome II comprovam isso. Uma clara amostra de que o Front Office da franquia estava ciente dos pontos que o time precisava melhorar de 2020 para 2021 e, por conta disso, não mediu esforços em buscar as melhores opções disponíveis no mercado e no draft desse ano.Os reforços de peso na defesa se justificam pela necessidade de parar o ataque dos Chiefs comandado por Patrick Mahomes – atual campeão da Conferência Americana. Além de Mahomes, Hill e Kelce em Kansas City, a conferência ainda conta com o dinâmico ataque dos Ravens de Lamar Jackson; dos Bills de Josh Allen; e dos Titans de Derrick Henry, AJ Brown e agora Julio Jones.Considerando o excelente nível da linha ofensiva, que é sem dúvidas uma das melhores da liga, o perigoso jogo terrestre e as armas que Baker Mayfield possui, o ataque dos Browns deve seguir evoluindo para a temporada desse ano. Já a defesa, que não se destacou como deveria no ano passado, foi reformulada e nitidamente reforçada por novatos e veteranos ao logo da offseason.Uma defesa mediana não dará conta de parar nenhum dos principais ataques da conferência e esse foi o objetivo do Front Office dos Browns na offseason: tornar sua defesa acima da média. No papel, esse objetivo parece ter sido alcançado. Resta saber se dentro de campo o entrosamento será bom o suficiente para dar chances o suficiente para Baker Mayfield e companhia liderarem o ataque dos Browns até um possível Super Bowl.

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