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Futebol

Impressões da vitória da França diante da Austrália

por João ZarifNo último jogo do 3º dia da Copa do Mundo do Catar, França e Austrália se enfrentaram pelo grupo D, que conta também com Dinamarca e Tunísia, que haviam empatado em zero mais cedo. Além da expectativa em acompanhar a atual campeã do mundo, a grande incógnita era para ver como a equipe se adaptaria sem peças fundamentais que ficaram de fora do torneio por lesão, entre elas Benzema, Kanté, Pogba e Kimpembe. Quatro titulares substituídos por Giroud, Rabiot, Tchouaméni e Konaté.Apesar dos desfalques a equipe entrou em campo com amplo favoritismo sobre o time da Oceania, e a tendência de que os “socceroos” entrariam na partida mais recuados, esperando a equipe comandada por Didier Deschamps. A escalação francesa mostrava no papel um 4-3-3 tradicional, enquanto os australianos vinham em um 4-1-4-1.Logo de cara ficou óbvia a estratégia Australiana, com linhas compactas, evitando a circulação de bola pelo interior, e forçando o jogo francês pelos lados. A França encostava Griezmann pela direita e Rabiot pela esquerda, para criar situações junto de Pavard e Dembélé pela direita, e com Lucas Hernández / Mbappé na esquerda. Com a bola, a seleção australiana trocava passes sem pressa, e apesar de não agredir, dificultava a marcação dos “Bleus”.A posse “despretensiosa” parecia não preocupar os favoritos, mas logo surpreendeu, aos 8 minutos. Lançamento do zagueiro Souttar para a ponta-direita. Leckie dominou e cortou para o meio, deixando Lucas Hernández (que sentiu o joelho no lance e saiu de campo) no chão, e cruzou por baixo, encontrando Goodwin, o ponta-esquerda, sozinho dentro da área para finalizar de primeira e abrir o marcador, desenhando mais uma “zebra” nessa quarta-feira.A França demorou para assimilar o gol, mas Theo Hernández, que entrou no lugar de seu irmão lesionado, parecia muito bem em campo. E aos 27 minutos, após sobra de escanteio, o lateral do Milan cruzou no meio da área e viu Rabiot subir sozinho de frente para o gol, mancando o empate francês em 1-1. Um gol “italiano” com passe milanista e finalização do meio-campo da Juventus de Turim, cidade onde o Brasil se reuniu para treinos antes de viajar ao Catar.A França percebia a necessidade de explorar os lados, e Pavard, com poucas características ofensivas, fechava pelo meio, liberava Tchouaméni para flutuar, e via Dembélé e Griezmann bem abertos pela direita. Em outros poucos momentos o lateral abria, e quem vinha pelo meio era Griezmann ou até Dembélé. Apesar das variações quando tinha a posse, a virada veio em bobeira da Austrália. O lateral-direito Atkinson errou no domínio, viu Rabiot roubar, Mbappé escorar de letra devolvendo para o meio-campo, e ele, que havia acabado de marcar, entrou na área e rolou para Giroud que só completou sem goleiro. 2-1 França aos 31 minutos.O gol frustrou a Austrália, que não conseguia pressionar a saída de bola gaulesa, muito bem feita com triangulações que envolveram os dois zagueiros, Konaté e Upamecano, e hora contava com Tchouaméni, hora com Rabiot, e sempre com apoios dos laterais para dar amplitude quando a pressão na bola vinha pelo meio. A França controlava o jogo e viu Mbappé perder gol feito após toque da direita de Griezmann, mas também sofreu quando Irvine cabeceou sozinho após cruzamento de McGree, Lloris apenas torceu e a bola bateu na trave já nos acréscimos da primeira etapa.A volta para o segundo tempo mostrava o mesmo panorama, com a seleção francesa com muitas trocas de posição, passes curtos pelo meio e aceleração pelas pontas, buscando abrir espaços no bloqueio australiano. O grande ponto que chamava atenção era sem a bola. Os atuais campeões claramente sentiam falta de um jogador como Kanté, com mais pegada. Rabiot e Griezmann elevam a capacidade técnica quando tem a bola, mas sofrem na retomada. Em jogos contra equipes mais capacitadas o time pode sofrer nesse sentido, pois fica exposto na fase defensiva.O terceiro gol mostrou a limitação australiana. Dembélé pegou sobra na direita, cruzou na área, e Mbappé subiu no meio dos dois zagueiros, bem mais altos que ele, para marcar o terceiro aos 22 do segundo tempo. E não demorou para virar goleada. Mais uma vez bola pelo lado, dessa vez o esquerdo. Mbappé chegou ao fundo e cruzou de esquerda para Giroud subir e fazer valer seu tamanho, marcando o segundo dele na partida. 4-1 aos 25 minutos. O terceiro gol de cabeça dos franceses, mostrando o caminho das pedras para Tunísia e Dinamarca explorarem contra a Austrália.A França tirou o pé e se deu por satisfeita, promovendo a entrada de Coman, Fofana, Kounde e Thuram. Fica claro que o time ainda é um dos favoritos ao título, porém precisa de ajustes quando não tem a bola, e com tanto desfalques não terá muitas alternativas caso sofra com lesões (mais uma com Lucas Hernández) ou suspensões durante a competição. Do lado australiano, a equipe pode até igualar taticamente e fisicamente com Dinamarca e Tunísia, mas a equipe está abaixo tecnicamente, e é o time mais frágil do grupo D.Final de jogo: França 4×1 Austrália

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