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The Logo: Como Jerry West continua a influenciar a NBA

(por Matheus Correia) A história de Jerry West é tão rica que precisa ser dividida em cinco capítulos. Capítulo 1  la-sp-elgin-baylor-wilt-chamberlain-jerry-west-20190703.jpeg   The Logo, Mr. Clutch ou Zeke from Cabin Creek. Um Laker de alma, corpo e coração. Um dos maiores da história a vestir a camisa amarela-púrpura. Aquele que é, literalmente, a face da NBA.  Foi em 1969 que ele entrou para história do basquete, para sempre. Quando ABA e NBA ainda eram instituições rivais, Alan Siegel, fundador da empresa Siegel + Gale foi acionado pela National Basketball Association para impedir que a instituição rival tomasse seu poder no cenário do basquete. Enquanto Siegel examinava arquivos de fotos da revista Sport, uma foto em particular chamou sua atenção: era dinâmica, era vertical, capturava a essência do jogo. Era a foto de Jerry West. E essa foto, virou o que é hoje o logo da NBA, a maior liga de basquete do mundo. Logo que movimenta cerca de 3 bilhões de dólares por ano por licenciamento de imagem. Para alguém ter conquistado tal feito, de representar uma das maiores ligas esportivas do planeta, este alguém tem de ser extraordinário. Alguém que foi selecionado 14 vezes para o All-Star Game, 12 vezes para o All-NBA Team, e 5 vezes para o All-Defensive Team. Alguém campeão da NBA em 1972, MVP das Finais 1969, realizando o feito inédito de ter sido o único jogador da história a conquistar este título jogando no time perdedor. Alguém que conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Roma. Alguém que merecidamente, está no Naismith Memorial Basketball Hall of Fame. Jerry Alan West. Sem dúvidas, um dos maiores jogadores da história do basquete.Draftado em 1960 pelo Los Angeles Lakers, mesma franquia pela qual se aposentou, em 1974. Durante sua carreira, anotou 25,192 pontos (média de 27.0 pontos por partida), e 6,238 assistências. Foi ídolo indiscutível da equipe, e um dos principais jogadores sempre que esteve em quadra. Dois anos depois de sua aposentadoria, virou técnico da equipe. Durou apenas 3 anos, sendo seu maior feito ter chegado na final da conferência oeste em 1977. Desde 1979, Jerry West não trabalha diretamente dentro de uma quadra, seja como jogador ou técnico. Sendo assim, foi a partir de 1982 que West começou a escrever a outra parte de sua história.Capítulo 2  Kareeem-part-10.jpg  Foi em 1982 que o então ex-jogador foi promovido ao cargo de General Manager do Los Angeles Lakers. Contava com uma equipe já bem estrelada. Nomes como Kareem Abdul-Jabbar, Magic Johnson, Michael Cooper e Bob McAdoo figuravam entre os destaques do elenco. Entretanto, um dos primeiros feitos de Jerry como GM deixou essa equipe ainda mais forte. Com a primeira escolha do Draft de 82, os Lakers selecionaram James Worthy, futuro MVP das finais de 1988 e 7x All-Star. E foi sobre o comando de West que os Lakers de Pat Riley, Magic Johnson, Kareem e companhia ganharam o apelido de “Showtime Lakers”. Uma das maiores dinastias e melhores equipes que o esporte já viu. Foram 5 títulos (1980, 1982, 1985, 1987, 1988) na década de 80, além da histórica rivalidade com os Celtics de Larry Bird. Mas o que precedeu a essa era foram tempos sombrios, que tiveram como estopim a aposentadoria de Magic Johnson em 1992, por conta do HIV. Capítulo 3  SPORTS_160119689_AR_0_JTQQZKNIGFWE.jpg  O que conhecemos hoje como “tank” estava tendo seu início nesta época (década de 90). Era de se esperar que os Lakers adotassem esta postura, mas não foi assim que West pensou. Preferiu transformar sua franquia em um destino atraente para os free agents; desenvolveu jovens jogadores como Cedric Ceballos e Eddie Jones em bons role-players e apostou no charme da cidade de LA para conseguir um bom nome. Então, na offseason de 1996, os Lakers assinaram com um dos maiores jogadores da história da equipe: Shaquille O’Neal. Você pode estar pensando: “Mas quem não assinaria com Shaquille? Ninguém precisa ser um gênio pra fazer isso”. De fato. Mas a genialidade de Jerry West surgiria apenas semanas depois. West trocou um ótimo Center de sua equipe, Vlade Divac, pelos direitos de um novato chamado Kobe Bryant. A história conta por si só. Uma nova dinastia se inicia, com Kobe e Shaq formando uma das maiores duplas da história do basquete. Foram três títulos, de 1999 até 2002, quando Jerry saiu do cargo de GM pela franquia. Capítulo 4  060516-NBA-Golden-State-Warriors-Kl-f18b1bae779ac510VgnVCM100000d7c1a8c0____.jpg  West se juntou ao Memphis Grizzlies em 2002, como conselheiro, na busca de um desafio maior. Os Grizzlies eram uma franquia nova, e desde a época de Vancouver, tinham uma dificuldade absurda para se estabelecer na liga. Em 2002, era uma das piores equipes na NBA. E com apenas um ano de Jerry West na organização, em 2003, Memphis conquistou a primeira ida aos playoffs na história da franquia. West ajudou a desenvolver jovens talentos como James Posey, Shane Battier e a lapidar a estrela Pau Gasol. Tudo bem, Memphis não ganhou uma série na pós-temporada com ele, mas não dá pra culpar West por isso. Em apenas cinco anos na organização, ele conseguiu transformar uma das piores equipes da liga em um time competitivo, que foi quase sempre presença obrigatória nos playoffs. Em 2007, Jerry se desligou da franquia de Memphis. E em 2011, se tornou o conselheiro do Golden State Warriors. Apesar de não ter tido o mesmo poder de Bob Myers, o GM da equipe, West foi uma influência pesada em diversos movimentos que tornaram Golden State uma dinastia. Foi quem influenciou fortemente a diretoria da equipe a draftar Klay Thompson em 2011. Ele também impediu a troca do mesmo por Kevin Love na época, e foi peça chave na vinda de Kevin Durant para a franquia. Saiu da equipe em 2017, com os Warriors já tendo conquistado dois de seus três títulos na década. Capítulo 5  5946-82166-original.jpeg  A off-season desta temporada (2019-20) foi uma das mais movimentadas e frenéticas já vistas. Com mais da metade dos jogadores sendo free-agents, todos sabiam que a NBA mudaria totalmente seu panorama em relação às temporadas anteriores. Mas foram muitas as surpresas. E a maior delas, foi orquestrada pelo sujeito protagonista desta matéria. E é nesse ponto que você provavelmente se realiza da importância estratosférica de Jerry West para este esporte.Em 2017, West assumiu o cargo de GM dos Los Angeles Clippers. Seus primeiros movimentos como General Manager foram de grande peso. O primeiro deles, trocar Blake Griffin para os Pistons. O segundo, não renovar o contrato com Chris Paul. Em contrapartida, trouxe nomes como Tobias Harris, Boban Marjanovic, Lou Williams, Patrick Beverley, Avery Bradley, e Montrezl Harrell. Os Clippers não conseguiram a classificação para os playoffs na temporada de 2017-18, mas conquistaram na seguinte, quando foram eliminados pelos Warriors na primeira rodada. E é importante lembrar: deram trabalho.Na offseason de 2019, o nome de Kawhi Leonard era diretamente ligado à franquia. Porém, equipes como Lakers e Toronto brigavam fortemente pelo jogador. A espera pela resposta do então MVP das finais foi angustiante. Uma cobertura jornalística que lembrou OJ Simpson só adicionou mais tensão no caso. Até que no dia 6 de julho, foi anunciado que Kawhi era um Clipper. Uma contratação que já era o suficiente para que a franquia começasse a temporada de 2019-20 como uma das mais fortes da liga. Mas Jerry West não estava satisfeito. Haviam equipes tão competitivas (ou mais) quanto a sua. Lakers, Bucks, 76ers… Ele queria mais: a imponência. Mas o que West fez para melhorar seu time, chocou a todos. Jogadores, jornalistas, torcedores, provavelmente até Adam Silver. No mesmo dia em que assinou com Kawhi Leonard, Jerry West mandou Shai-Gilgeous Alexander, Danilo Gallinari e 6 escolhas de Draft para Oklahoma em troca de Paul George. E em um piscar de olhos, os Clippers tinham uma das equipes mais assustadoras e fantásticas da NBA. Talvez até mesmo da história. E, ironicamente, rivaliza como melhor equipe justamente contra o time em que fez história, os Lakers.Veremos se o legado de West continuará sendo escrito. As chances de conquistar mais um título como executivo são enormes. Toda a história contada até este ponto serve para termos a noção do que Jerry Alan West influência esta liga que tanto amamos desde 1960. Muitos não faziam ideia de sua importância nos dias atuais, ou até mesmo dentro de quadra. Como jogador, figura entre os maiores de todos os tempos. Como executivo, é considerado o maior da história da NBA, e um dos maiores da história dos esportes americanos. E se antes você pensava: “Por que Jerry West é o logo da NBA? Por que não MJ, Kobe Bryant, Magic Johnson ou LeBron?”, agora você provavelmente entende o motivo.

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