(por Bruno Fugazza) Durante a maior parte de sua história, o New Orleans Saints foi uma das piadas da NFL. Até 2005 a equipe tinha apenas uma vitória em playoffs em toda sua história, e sua torcida era conhecida por usar sacos de pão cobrindo o rosto como protesto, demonstrando “vergonha” pelo time.A equipe era tão ruim que precisou “morrer” em 2005, para então renascer com uma nova história vencedora.Para se ter uma ideia, neste texto falaremos da jogada que garantiu a vitória dos Saints no Super Bowl XLIV. Ainda assim, se você perguntar aos torcedores dos Saints qual a jogada mais importante da história da franquia, 9 de 10 escolherão um Punt Bloqueado por Steve Gleason durante a semana 3 da temporada regular.Mas antes de falarmos da interceptação que rendeu o título à equipe em 2009, ou do punt bloqueado em 2006, vamos voltar à temporada de 2005.Após realizar dois jogos da pré-temporada de 2005 no Superdome, a cidade de New Orleans foi atingida pelo furacão Katrina, um dos mais trágicos na história recente dos Estados Unidos. O Superdome precisou ser utilizado como abrigo para as milhares de famílias que perderam suas casas, e a cidade restou completamente devastada.Os Saints precisaram então jogar toda a temporada fora de New Orleans, usando estádios em Santo Antonio (Texas), Nova Jersey (New York) e Baton Rouge (Lousiana), resultando em apenas 3 vitórias no ano, o que levou à demissão do então Head Coach Jim Haslet e do Quarterback Aaron Brooks, substituídos por uma das mais vitoriosas duplas de HC e QB, Sean Payton e Drew Brees. Começava oficialmente a reconstrução da franquia.E a temporada de 2006 começou da melhor maneira possível, com duas vitórias fora de casa contra os Browns e os Packers. E o jogo da terceira semana seria histórico. O time retornaria ao Superdome pela primeira vez desde Dezembro de 2004, na reabertura oficial do estádio, em um jogo de Monday Night Football contra seus maiores rivais, os Atlanta Falcons.No show de abertura conduzido por U2 e Green Day, a música “The Saints are Coming” levou os mais de 70 mil presentes à loucura.O jogo começou com a defesa dos Saints forçando um 3 and Out dos Falcons, que mandariam a equipe de punt para campo. Foi então que o Safety Steve Gleason bloqueou o punt, recuperado dentro da endzone por Curtis Deloatch. Touchdown Saints. maxresdefault-4.jpg O placar final foi um atropelo dos Saints por 23 a 3. “Nós não tínhamos a menor chance. O mundo todo estava contra nós… mas no fim das contas, por algum motivo, eu não tinha nenhum problema com isso”, declarou posteriormente o Head Coach dos Falcons, Jim Mora. Ali renascia o Superdome, a cidade de New Orleans, e começavam a renascer os Saints, que iriam para os playoffs em 5 das próximas 8 temporadas.A história corta então para aproximadamente 4 anos e meio depois.Na temporada de 2009, os Saints conseguiram 13 vitórias, e pela primeira vez na história a #1 Seed da NFC. Derrotaram então os então campeões da NFC, os Cardinals de Kurt Warner, chegando pela primeira vez à final da NFC. Venceram então os Vikings de Brett Favre em jogo dramático, decidido na prorrogação, chegando então ao Super Bowl contra os Colts, liderados por ninguém menos que Payton Manning.A partida começou difícil para os Saints, que foram para o intervalo perdendo por 10 a 6, sem que seu ataque conseguisse funcionar. No retorno do intervalo, outra jogada histórica da equipe aconteceu. Os Saints chutariam a bola para que os Colts começassem com a bola. Mas em uma das chamadas mais ousadas e corajosas da história dos Super Bowls, Sean Payton surpreendeu com um Onside kick chutado pelo então punter rookie Thomas Morstead.A bola viajou 15 jardas e terminou embaixo de uma pilha de jogadores que levou mais de 1 minuto para ser desfeita. Então perceberam que o LB Jonathan Casillas havia recuperado a bola para os Saints, que então marcharam para seu primeiro Touchdown, mudando completamente a confiança da equipe.A partida então virou um duelo entre os geniais quarterbacks Payton Manning e Drew Brees, com trocas de liderança. Faltando 5 minutos para o fim do último quarto, Brees conduziu uma campanha de 59 jardas com passe para TD para Jeremy Shockey. Na sequência, um passe para converter mais 2 pontos para Lance Moore e colocar os Saints na liderança por 24 a 17.Payton Manning então recebeu a bola com tempo suficiente para tentar empatar a partida, e conduziu um drive perfeito até o campo dos Saints. Todos ali já haviam visto essa cena muitas vezes, e o destino parecia óbvio: Manning conseguiria o TD, levando o jogo para a prorrogação.Mas caberia a Tracy Porter, um DB nascido na Louisiana e escolhido pelos Saints na segunda rodada do Draft, o papel de herói. Porter conta que toda a equipe da secundária havia visto filmes dos Colts muito mais que o usual, e haviam detectado uma tendência de Manning chamar uma rota Slant em algumas terceiras descidas.E quando Manning ordenou o WR Austin Colle em movimento antes do snap, Porter sabia que essa era sua chance. Ele fez apenas um leve sinal com a cabeça para o Safety Malcolm Jenkins, com medo que sinais com as mãos alertassem Manning e o fizessem mudar a jogada. Foi a decisão correta.O Wide Receiver correu a rota Slant bem na frente de Porter, que arriscou e cortou a linha de passe, conseguindo a Interceptação na linha de 26 jardas e correndo 74 jardas até a Endzone adversária.https://www.youtube.com/watch?v=JM6I7AjCFAY“Um Retorno para a história”, como narrou de maneira excelente Everaldo Marques. O Pick 6 praticamente selou a vitória da tão sofrida franquia de New Orleans colocando o placar em 31 a 17, e coroou o renascimento da equipe que havia começado com aquele Punt bloqueado por Steve Gleason. Drew Brees foi o MVP do Super Bowl, mas Tracy Porter (que já havia conseguido uma interceptação decisiva na final da NFC contra Favre), entrou para a história como herói de seu time de infância.Os Saints não eram mais uma piada na NFL. Os sacos de pão haviam desaparecido das arquibancadas. Os Saints eram campeões do Super Bowl, e o futuro parecia mais favorável do que nunca. A equipe havia oficialmente renascido.
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