A vitória do Athletic Bilbao contra o Barcelona na Copa do Rei nesta quarta-feira (24) trouxe à tona uma grande questão sentimental e política da Espanha: o País Basco e o orgulho de seus moradores. A equipe, que tem uma política de contratações restrita apenas a jogadores bascos, é o segundo maior campeão do torneio, e vai tentar chegar em mais uma final, que seria a terceira nos últimos cinco anos. O Bilbao não conquista o título desde 1984.
O País Basco, uma província no norte da Espanha considerada uma comunidade autônoma, possui culturas e até mesmo uma linguagem própria, teve seus momentos de glória no futebol, dominando o principal campeonato do país nas décadas de 1930 e 1980, com equipes que ainda hoje figuram na primeira divisão: Athletic Bilbao, Alavés e Real Sociedad.
A história do Bilbao e dos outros times bascos
Essas equipes compartilham a mesma região, mas possuem doutrinas históricas completamente diferentes. O Athletic Bilbao, influenciado culturalmente, prioriza a formação e contratação de jogadores nascidos e considerados bascos desde 1911. Essa filosofia, difícil de sustentar, foi bem-sucedida, tornando o clube o maior vencedor basco na Espanha, com 8 taças da La Liga, além de 23 taças da Copa do Rei.
Curiosamente, mesmo com essa forte administração, o Athletic abriu recentemente um dos poucos capítulos de exceção em sua história. Sua maior estrela, o atacante Inaki Williams, nascido em Bilbao e filho de pais ganeses que fugiram para a Espanha como refúgio, optou por representar a seleção de Gana, indo contra a tradição de sua família no clube.
Atualmente, o Athletic está na disputa por uma vaga na Liga dos Campeões e, eventualmente, por um título inédito, apesar de estar distante do líder em pontos. A equipe, comandada pelo treinador Ernesto Valverde desde 2022, conta com um forte elenco, incluindo além dos irmãos Williams, o goleiro Unai Simón, titular da seleção espanhola na Copa do Mundo de 2022, e o jovem meio-campista revelado pelo clube, Oihan Sancet, que foi uma das estrelas da vitória contra o Barcelona.
A Real Sociedad, localizada em San Sebástian, Guipúzcoa, foi fundada em 1909. O clube tem alcançado excelentes temporadas, garantindo vaga na Liga dos Campeões e classificando-se nas oitavas de final, enfrentando o PSG. Além disso, está vivo nas quartas da Copa del Rey e disputa a parte superior da tabela na LaLiga, tudo isso sob a liderança do treinador Imanol Alguacil desde 2018.
O clube tem apostado em jogadores da base, como o atacante Mikel Oyarzabal, atual capitão do elenco, e contratações de sucesso, como o atacante japonês Takefusa Kubo, comprado por apenas 6,5 milhões de euros do Real Madrid em 2022.
O Alavés, a única equipe dos três bascos na primeira divisão nacional, não possui um título expressivo, sendo seu acesso mais recente para a elite em 2015. Sua melhor campanha na LaLiga foi em 1999, conquistando um inédito 6° lugar. Atualmente treinado pelo espanhol Luis Garcia, o Alavés conta com o jovem centroavante nigeriano Samu Omorodion como principal jogador, emprestado pelo Atlético de Madrid, buscando a manutenção na elite e surpreender ao longo dos anos.
Após anos da hegemonia de Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid na Espanha, as equipes bascas não se intimidam. Elas começam a criar “casco” nas competições nacionais, buscando retornar aos anos de glória na LaLiga. Este campeonato, muito forte, testemunhou diversos jogadores coroados como melhores do mundo fora de seu território, incluindo Cristiano Ronaldo, Messi, Benzema e Luka Modric, além de craques brasileiros como Neymar e atualmente Vinicius Junior.
