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Opinião: Brasileirão preenche “jogo dos sete erros” em uma semana

O Brasileirão 2024 começou no último final de semana com a disputa da 1ª rodada cheia de polêmicas envolvendo arbitragem e outras questões. Na sequência tivemos a disputa da 2ª rodada com arbitragens mais regulares no sentido positivo, mas ainda assim com outros problemas crônicos do Brasileirão que surgiram rapidamente na temporada atual.

Listaremos abaixo os sete principais problemas observados durante os primeiros dias do Campeonato Brasileiro, os quais raramente ocorrem em campeonatos de alto nível do futebol europeu, métrica de comparação mais utilizada por especialistas e torcedores em geral.

Os principais problemas do Brasileirão 2024

1. Gramados

Um dos problemas mais notáveis das primeiras rodadas consistiu no estado dos gramados de certos estádios que receberam jogos importantes no final de semana. Vitória 0-1 Palmeiras foi disputado em um Barradão sem a demarcação padrão de qualquer jogo de futebol de alto nível em relação às linhas do gramado. Além disso, o estado do gramado em si virou alvo de reclamações do técnico Abel Ferreira.

O problema mais grave da primeira rodada consistiu no Serra Dourada, com areia sendo levantada em diversos pontos do Serra Dourada em Atlético-GO 1-2 Flamengo. Na segunda rodada, tivemos gramado irregular na Arena em Grêmio 2-0 Athletico e um gramado que não resistiu à forte chuva em Salvador no jogo Bahia 2-1 Fluminense.

2. Arbitragem/VAR

Como observado por todos os fãs do Brasileirão, o lamentável estado da arbitragem do futebol brasileiro “deu as caras” na primeira rodada do campeonato. Controversas decisões do apito e/ou do VAR nos jogos Corinthians 0-0 Atlético-MG, Atlético-GO 1-2 Flamengo e Vasco 2-1 Grêmio consistiram na “amostragem” que teremos ao longo do campeonato.

Na segunda rodada tivemos o retorno de experientes árbitros, os quais estavam finalizando um curso nos Estados Unidos, em detrimento de jovens inexperientes. No entanto, cabe ressaltar que Anderson Daronco marcou 38 faltas em Flamengo 2-1 São Paulo, diminuindo a intensidade do jogo, na segunda rodada do Brasileirão.

3. Comportamento dos mandatários dos clubes

Outro grande problema do futebol brasileiro deu o tom da primeira rodada do Brasileirão com o comportamento de instituições pesadas. Grêmio, Atlético-MG e Atlético-GO divulgaram notas oficiais afirmando que estariam protocolando reclamações na CBF, uma velha manobra de pressão que possui apenas benefício próprio e nenhum efeito prático.

No entanto, nada foi superior do que o comportamento do Twitter oficial do Atlético-GO durante a partida contra o Flamengo, fazendo alegações vazias quanto à credibilidade do campeonato e um possível favorecimento consciente a favor da equipe carioca sem apresentar nenhuma prova.

4. Mando de campo

Apesar de não receber a mesma atenção devida em relação aos três pontos acima, uma das maiores diferenças do Brasileirão em relação às maiores ligas do mundo consiste no mando de campo. Em diversas rodadas temos pelo menos uma equipe mandante jogando fora de seu estádio por motivos diversos.

Na 1ª rodada, o Atlético-GO abriu mão do Estádio Antônio Accioly buscando maior lucro contra o Flamengo no Serra Dourada. Na rodada seguinte, foi a vez do Palmeiras atuar fora do Allianz Parque, em derrota por 1 a 0 para o Internacional, atuando na Arena Barueri, por conta de show da banda Jonas Brothers.

Fora questões atípicas/esportivas, é improvável imaginar gigantes do futebol europeu como Liverpool, Manchester City, Bayern de Munique, Real Madrid, dentre outros, atuando fora de seus domínios.

5. Péssima gestão da CBF com o próprio produto

Podemos citar diversos exemplos aqui de como a CBF joga contra o Brasileirão Série A, mas deixaremos o fato mais recente. Ednaldo Rodrigues prometeu a realização de um “jogo de abertura” do campeonato envolvendo o atual campeão, mas Vitória 0-1 Palmeiras foi justamente o último jogo da 1ª rodada do Brasileirão.

Além disso, sempre cabe ressaltar o lamentável fato do calendário do campeonato ser construído enquanto as rodadas acontecem para atender interesses da televisão. Nas principais ligas do mundo (Premier League, La Liga, Bundesliga, Serie A, Ligue 1), todo o calendário do campeonato é definido antes do início, justamente por conta do planejamento das equipes envolvendo logística de viagem, utilização do elenco, dentre outros fatores.

6. Estádios vazios

Justamente por conta do desgaste acumulado desde os estaduais e pelo fato do Brasileirão iniciar após o início da Libertadores/Sul-Americana, estamos observando muitos jogos com estádios vazios e/ou com públicos decepcionantes neste início de campeonato.

Botafogo 1-0 Atlético-GO fechou a 2ª rodada com apenas 8.508 pessoas no Nilton Santos, fechando uma semana com pouca ocupação nos estádios pelo Brasil. Até mesmo o Flamengo, acostumado à lotar o Maracanã, levou menos de 50 mil torcedores para o confronto mais aguardado da rodada.

  • Flamengo 2-1 São Paulo (Maracanã): 48.103
  • Atlético-MG 1-1 Criciúma (Arena MRV): 24.613
  • Bahia 2-1 Fluminense (Fonte Nova): 22.893
  • Fortaleza 1-1 Cruzeiro (Castelão): 22.131
  • Palmeiras 0-1 Internacional (Arena Barueri): 13.464
  • Grêmio 2-0 Athletico (Arena); 13.541
  • Botafogo 1-0 Atlético-GO (Nilton Sanos): 8.508
  • Juventude 2-0 Corinthians (Alfredo Jaconi): 7.478
  • RB Bragantino 2-1 Vasco (Nabi Abi Chedid): 5.532

7. Qualidade dos jogos

Existe uma tendência de melhora com o andamento do Brasileirão Série A, mas é inegável que o campeonato da temporada 2024 começou com uma qualidade abaixo do esperado dos jogos com muitos erros técnicos, falta de repertório ofensivo, espaços cedidos no meio-campo e até mesmo um desgaste físico acumulado por conta dos estaduais e torneios continentais.

Enfim, resta apenas torcer para que os problemas do Brasileirão diminuam durante a temporada e que o campeonato comece a entregar boas histórias, estádios cheios e ótimos jogos, algo que estamos distante de presenciar neste momento.

Imagem: Vitor Silva / Botafogo

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