3 1
Automobilismo

ACERVO TÉCNICO: as peculiaridades do oval de Indianápolis e como os carros se comportam no palco das 500 milhas

(por Wilson Machado)Neste domingo (28) teremos a 107ª edição das 500 Milhas de Indianápolis, a mais tradicional prova do automobilismo estadunidense. Dando um total de 200 voltas no oval de 2,5 Milhas (dando 4,023km após conversão), a prova ocorre como sempre no tradicionalíssimo e peculiar Indianapolis Motor Speedway. “The Brickyard”, como foi apelidado, e Pocono (que tem um formato de Tri-Oval, porém é classificado como um Oval comum), são os Ovais mais longos da história da categoria e, atualmente, é o oval com menos inclinação de pista entre os quatro que se encontram no calendário de 2023. A pista de 2,5 Milhas tem em suas quatro curvas uma média de inclinação padrão de apenas 9,2° e, nas retas, tem como média uma angulação nula, o famoso 0°. Aí entra a principal pergunta: quão diferente isso torna Indianapolis dos outros ovais? Primeiro que, pelo seu comprimento, ele já é caracterizado como um Super Oval, o único da temporada de 2023, mas, diferente de Talladega e Daytona, outros Super Ovais, Indianapolis se destaca pela inclinação baixíssima nas curvas. Além disso,tanto as quatro curvas e quatro retas estão bem delimitadas, significando que não temos aquelas curvas bem emendadas como em outros ovais. Outra peculiaridade dessa característica do circuito é o fato do acerto dos carros não poder ser um acerto 100% voltado aos ovais. Mesmo sendo onde os carros atingem as maiores velocidades da temporada, as baixas inclinações do circuito pedem que as equipes se atentem a gerar um pouco mais de pressão aerodinâmica para que eles ainda possam entrar em altíssima velocidade nas curvas e se manterem estáveis nas retas. Dando uma explicação rápida no quanto existe o auxílio das inclinações, podemos mencionar que os carros, quando estão em acertos de ovais (de baixíssima pressão aerodinâmica), utilizam das inclinações para gerar um campo de força centrífuga, que significaria que eles estariam usando da combinação da força do motor empurrando para frente e a inclinação da pista gerando um efeito contra o movimento natural do vento cortado pelo carro. Isso faz com que, mesmo sem tanta geração de pressão aerodinâmica por meio do corte de vento no carro, eles consigam se manter no chão com firmeza e aderência, coisa que em circuitos mais planos não acontece, pois o sentido do vento se mantém o mesmo do asfalto do carro, o que não traria os índices de aderência que o carro precisaria para se manter no Chão. Tendo isso em vista, e vendo as baixíssimas inclinações de Indianápolis, os carros realmente devem vir com um acerto aerodinâmico um pouco mais pesado, privilegiando mais a geração de pressão aerodinâmica por meio do carro em si só, e não com o auxílio da pista, fazendo desse oval um dos mais desafiadores para os preparadores e engenheiros trazerem uma configuração que encontre perfeitamente as necessidades da pista como as vontades do piloto. A soma dessas peculiaridades técnicas aumenta a dificuldade dessa que já é a prova mais cobiçada entre pilotos e equipes no ano todo na Fórmula Indy. Estratégias, acertos, preparações e imprevisibilidade entram em muito mais destaque, trazendo um ingrediente a mais ao maior espetáculo do automobilismo. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *