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Futebol

Entrevista exclusiva com Yuri Tanque: de destaque na Copinha à melhor fase na carreira

(por Leonardo Costa)Jeju, menor província e ao mesmo tempo a maior ilha da Coreia do Sul, também é conhecida por ser um dos principais pontos turísticos do país. Nela, está situado o Jeju United, clube que é orgulho local, e que agora conta com um atacante brasileiro que vem ganhando o coração dos moradores. Apresento a vocês: Yuri Tanque.Entretanto, para chegar até esse ponto em que a história de Yuri Tanque e Jeju se encontram, é preciso voltar alguns anos e também contar diversas histórias de superação, choro, fé e redenção de um profissional que vive seu melhor momento na carreira.Direto de Jeju, Tanque concedeu à Playmaker Brasil uma entrevista exclusiva. E o resultado dessa conversa você encontra abaixo.Mineiro da cidade de Nova Era, Yuri Jonathan Vitor Coelho percorreu um longo caminho antes mesmo de atravessar o mundo para atuar na Coreia do Sul. “Eu tenho 24 anos, subi para o profissional aos 19, e posso contar uma centena de amigos que não conseguiram realizar o sonho de ser jogador profissional. É a realidade do futebol”, disse o atacante no começo da nossa conversa.”Aos 14 anos foi um divisor de águas para mim. Saí da casa dos meus pais para jogar em um clube na cidade de Caratinga e desde então nunca mais voltei. Passei por alguns perrengues nesse período, mas me ajudou muito”, relembrou Yuri Tanque. Após se destacar em sua nova casa, teve uma breve oportunidade no Atlético-MG, mas foi no estado de São Paulo que as coisas começaram a se encaixar.Tanque foi aprovado em um teste na Ponte Preta, fazendo parte da sua base na cidade de Jaguariúna. Nessa época, treinava junto com o lateral Emerson Royal, atualmente no Tottenham, e com o zagueiro Reynaldo, que está no Cruzeiro. Pouco antes de subir para o sub-20 da equipe de Campinas, enfim assinou seu primeiro contrato profissional.A chegada de Yuri Tanque ao profissional se deu pouco tempo depois de ser vice-artilheiro da Copa São Paulo Jr., com nove gols. A Ponte Preta acabou sendo eliminada pelo Batatais nas oitavas de final, clube que chegaria até a final, conquistada pelo Corinthians. “Subi para o profissional pela primeira vez em 2017, no Paulistão. A sensação foi quase inexplicável. Você olha para trás e relembra tudo que passou. É uma realização e um feito muito grande”, conta o jogador.Entretanto, a vida no mundo do futebol está longe de ser uma linha reta.Sem muitas oportunidades na Ponte e já vinculado ao Coimbra, Tanque aceitou o desafio de atuar no Japão, pelo Gainare Tottori. Infelizmente, com pouco tempo no novo clube, teve uma lesão muscular grau 2 no adutor que o afastou por boa parte da temporada. Foi o primeiro grande baque no futebol profissional.De volta ao Brasil ao fim de seu empréstimo com o clube japonês, o atacante foi para a Ferroviária de Araraquara para a disputa de mais um campeonato paulista. “Em um treino durante a metade da competição, rompi o ligamento cruzado anterior do joelho”, conta o jogador, que passava pelo segundo grande baque na carreira. “Foi um dia bem difícil. Quando eu soube da notícia da lesão, confesso que chorei muito. Mas também chorei muito por excesso de futuro, pensando nos meses que ficaria sem jogar”.E foi nesse momento de incertezas, que ficou ainda mais agravado pela pandemia de Covid-19 que atrasou sua cirurgia em alguns meses, que Yuri abraçou ainda mais sua fé, e ao lado da sua esposa levantou a cabeça e encarou de frente a recuperação: “O que Deus me ensinou foi que cada processo é preciso viver intensamente. A vida não é feita somente de momentos bons, e quando acontecem os momentos ruins, aprenda e evolua”, contou o atacante.A volta aos gramados se deu 1 ano e 2 meses após a lesão, em 2021: “Foi mais um dos troféus que eu  conquistei”, revela o jogador. Yuri Tanque entrou no decorrer da partida entre Coimbra e Atlético-MG, na estreia de Nacho Fernández pelo Galo.Ainda em 2021, Tanque teve sua segunda experiência no futebol internacional, agora em Portugal, pelo Leixões. “Sou o tipo de pessoa que não tem medo de colocar a cara no mundo. Sem abrir mão dos meus princípios, encaro o que for necessário, sem medo e com disposição. Eu estava recém-casado e ali foi, sobretudo, uma grande experiência de crescimento espiritual”, relembra o atacante.Acontece que dentro de campo as coisas não se encaixaram para o atacante como o esperado: “Eu ainda não tinha encarado uma sequência no futebol profissional. Na Ponte tive alguns minutos, no Japão e na Ferroviária sofri lesões que me impediram de atuar da melhor maneira, e em Portugal as oportunidades também foram poucas”.Eis que, na busca de um espaço para mostrar seu futebol, Yuri Tanque abre mão de seis meses restantes de seu contrato com o Leixões e acerta no começo de 2022 com o Capivariano, equipe que disputaria a terceira divisão paulista. “Foi um direcionamento de literalmente dar um passo para trás. Deixei o futebol europeu para recomeçar no interior paulista. Mas eu cheguei convicto que daria certo”.Pelo Capivariano, Tanque teve a primeira sequência atuando como titular, e o atacante correspondeu dentro de campo com gols. Foi o artilheiro do Paulistão A3 com 10 gols e o passo para trás foi o impulso necessário para sua carreira.Com o fim da competição paulista, o atacante recebeu sondagens de diversas equipes, Yuri Tanque foi negociado com o Estrela da Amadora, voltando novamente para Portugal. Entretanto, o jogador, confiante pelo seu bom momento, inseriu uma cláusula em seu contrato que o clube português o liberaria caso recebesse alguma oferta de equipes brasileiras durante a janela de transferências de inverno.Ainda na pré-temporada pelo clube português, surge a proposta do Guarani, que estava na disputa da Série B: “Com certeza eu aceitei. Por tudo que o Guarani é e representa. A minha experiência e minha fé fez eu chegar ao clube de peito aberto para enfrentar o que fosse necessário. Muito motivado e feliz. Em poucos meses eu saí da terceira divisão paulista para a segunda divisão brasileira”, conta Yuri.-Nesse período, o Guarani lutava contra o rebaixamento na Série B e tentava buscar reforços para evitar o descenso. Para o ataque vieram Jenison, que chegava do Cuiabá com o status de titular, e Yuri Tanque. E foi justamente o reforço formado na base do maior rival local que mais ajudou o ‘Bugre’ na recuperação.”Eu sabia que não tinha chegado para ser titular. Minha estreia foi na derrota para o Grêmio, saindo do banco de reservas. Depois veio empate contra o Criciúma, já com o Jenison em campo, e o próprio Jenison marcou o gol da vitória na partida seguinte contra o Náutico.”, relembra Tanque. Acontece que Jenison se lesionou durante a vitória, abrindo o espaço para a titularidade de Yuri na rodada seguinte, e diante da Ponte Preta. “Meu primeiro jogo de titular pelo Guarani foi logo em um Derby, meu primeiro na carreira”.O Guarani foi derrotado, mas na partida seguinte, novamente como titular, Tanque anotou seu primeiro gol pelo ‘Bugre’, na vitória contra o Tombense. A partir de então, o clube e o atacante entraram em lua de mel e viveram grande momento. Yuri Tanque marcou seis gols, além de duas assistências, nos doze jogos da reta final da Série B, período em que o Guarani acumulou oito vitórias e encaminhou a permanência na segunda divisão.2022 foi um ano mágico para Yuri, que passava a ser conhecido nacionalmente como Yuri Tanque, apelido dado a ele por seus companheiros devido sua força física.Entretanto, para além da força física, o atacante mostrou ao longo de toda sua carreira, muita resiliência, força mental e, sobretudo, espiritual. Com a fé inabalada, aceitou um novo desafio em 2023, que foi atuar pelo Jeju United. Sua fase no futebol sul-coreano tem sido ótima, com dois gols e duas assistências em nove partidas, mostrando que com a sequência necessária, os números dentro de campo aparecem.Atualmente morando com a esposa na Coréia do Sul, Yuri Tanque nos presenteou durante a conversa com uma aula de persistência e fé raras vezes encontrada, que pode ser utilizada para além do mundo futebolístico. Por fim, nós da Playmaker Brasil agradecemos a disponibilidade do atacante e desejamos sucesso a ele e sua família na sequência da carreira.

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