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Automobilismo

F1 na história – “Eu não queria parar”

(por Bruno Braz) Muitas histórias de bastidores aparecem rapidamente. Outras, demoram um punhado de anos. Algumas, décadas.Hoje trago para vocês, a história da retirada de Alain Prost ao fim de 1993.Talvez os fãs mais recentes da Netflix não saibam quem foi o tetracampeão mundial, apelidado pelo próprio circo da Fórmula 1 de “O Professor”. Era um piloto completo. Rápido e muito meticuloso. Está na prateleira restrita aos gênios. E claro, marcante para os brasileiros como o vilão que queria ofuscar Ayrton Senna. Nunca foi vilão, assim como Ayrton Senna não foi herói. Eram apenas dois pilotos gênios que queriam o que todos os pilotos querem: ser campeões. Fim.Voltando um pouco no tempo, em 1991, a Ferrari não tinha um bom carro. O francês, que havia disputado com Ayrton Senna o título do ano anterior, estava fora da disputa, que estava restrita ao brasileiro e ao inglês Nigel Mansell, disse em uma entrevista que se sentia “dirigindo um caminhão”. Onde já se viu falar isso de uma Ferrari? A Ferrari, que sempre se colocou a jóia da Fórmula 1, não iria aceitar um comentário desses, mesmo que vindo de um, até então, tricampeão mundial. O resultado? Demissão.Prost ficou a pé em 1992, tirando um ano sabático. Mas não ficou sem contrato por muito tempo. A Williams o procurou para ser piloto em 1993. Não iriam renovar com Nigel Mansell, que pediu um caminhão de dólares de reajuste para renovar. A Renault, melhores motores da época e que empurravam a Williams, apoiou a empreitada e investiu pesado. Prost fez apenas uma exigência, segundo suas próprias palavras, que foram “não preciso ser o primeiro piloto. Só não quero Ayrton na equipe”.  Esse veto foi bastante polêmico na época. Senna, em uma entrevista pós GP, chamou Prost, com todas as letras, de “covarde”.Enfim, veio 1993, Prost foi campeão, Senna vice.O que não é muito divulgado, é que o contrato de Prost era para 1994, também. Trazer Ayrton para a Williams seria rasgar o contrato.Daqui para baixo, serão as palavras narradas pelo próprio Prost, que explica o que aconteceu para não correr em 1994.Houve um momento em Julho, que recebi uma ligação de Frank, que disse “Eu quero falar com você. Estou com uma pressão enorme da Renault e preciso falar com você sobre algo.” Eu disse “OK Frank, Acho que sei sobre o que você quer falar, mas estou de férias. Se o pessoal da Renault quiser falar comigo, que venham me ver” .De fato, vieram e tentaram me explicar o plano, que era colocar o Ayrton comigo na equipe no ano seguinte.Eu disse, “OK. Isso não é justo. Temos um contrato. Ainda mais injusto pensando que estávamos na metade da temporada, então vamos deixar assim e esperar um pouco. Passar algumas corridas e ver o que acontece”.Eu não queria ser companheiro de equipe de Ayrton outra vez. Não queria continuar com essa percepção das pessoas de que Ayrton era um coitado e que tinha um carro ruim e quando eu vencia, era normal porque tinha o melhor carro.Então, eu disse “Certo. Você quer o Ayrton, eu entendo muito bem, mas se você me pagar o contrato para o próximo ano, eu paro”.Eu não queria parar. Eu realmente não queria parar. Mas teria que viver aquela situação de novo. Especialmente no meu próprio país, tomando essa direção novamente.Tomei minha própria decisão por minha conta, bem rápido, mas só queria contar depois de um ou dois meses, porque queria ser campeão mundial e não queria perder a oportunidade.Quando eu percebi que seria campeão, eu disse “Certo. Você me paga o contrato. Eu paro. Já me cansei.”.Foi isso que eu fiz. Eu não queria parar. Saí da Fórmula 1 apenas por causa disso. Caso contrário, eu continuaria.Os bastidores da Fórmula 1. Imagino o que se passa nos dias de hoje. Espero que tenham gostado dessa passagem da década de 90. Abraços e até a próxima!

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