(por Matheus Correia)Trinta minutos. É a quantidade de tempo que Antoine Griezmann é obrigado a jogar pelo Atlético de Madrid por conta de uma cláusula bizarra em seu contrato de empréstimo. Mas não importa. Quando o francês veste a camisa colchonera, ele incorpora a alma que habita o Estádio Metropolitano. Bastaram trinta minutos para que o atacante conseguisse a vitória para sua equipe de maneira heróica na primeira rodada da Champions League, contra o Porto.Mas o drama todo se desenvolveu apenas na reta final da partida. A emoção que carregou os acréscimos da segunda etapa foi um contraste gritante do que foi visto em campo no primeiro tempo. Os 45 minutos iniciais foram de pouquíssimas chances perigosas, para ambos os lados. O Porto jogou melhor, graças às boas atuações de Galeno, que era a válvula de escape da equipe em contra-ataques, e Taremi, que fez muito bem a função de um centroavante mais “recuado”, participando bastante da criação de jogadas em posição mais atrasada.O Atleti tinha muita dificuldade em conseguir levar a bola para seu melhor jogador, João Félix. O português foi alvo de inúmeras tentativas de ligação direta, mas raramente conseguia vencer a sólida defesa portista, formada por Pepe e David Carmo. Um grande “vacilo” dos colchoneros foi não explorar o lado esquerdo do campo com o belga Yannick Carrasco. De forma surpreendente, o treinador Sérgio Conceição escalou o brasileiro Pepe (não confundir com o zagueiro), ponta de origem, como lateral direito. O ex-Grêmio teve muita dificuldade na marcação, e o time espanhol acabou forçando poucas jogadas pelo seu lado.Para alívio do torcedor, o panorama mudou no segundo tempo. Simeone optou por colocar peças mais ofensivas (Lemar e De Paul) em campo na tentativa de sair mais para o jogo. No entanto, foi o Porto que aproveitou a formação menos “defensiva” do Atleti e conseguiu chegar com mais frequência no ataque. Oblak salvou o time da casa em duas oportunidades – a primeira em um belo chute de fora da área de Eustáquio; e a segunda após um belo cruzamento de Eustáquio que encontrou Otávio na pequena área.O time português crescia no jogo até que Taremi tomou a péssima decisão de simular um pênalti em cima de Witsel. O atacante iraniano levou o segundo amarelo e acabou expulso. Com um a mais, o Atleti começou a ter domínio em campo pela primeira vez na partida. Como de costume, Antoine Griezmann entrou faltando exatamente 30 minutos para o fim do jogo. O francês apareceu pouco, e apesar de ter mais posse, os colchoneros sofriam para criar boas oportunidades de gol.Até que no primeiro minuto dos nove de acréscimos (jogo ficou parado por conta de uma séria lesão de Otávio, do Porto), Mario Hermoso, saindo do banco, fez o famoso gol “cagado” que botou os espanhóis na frente e que parecia ter definido o resultado do confronto. Ángel Correa recebeu de Llorente na entrada da área e rolou para Hermoso, que entrava em velocidade. O zagueiro deu um belo drible no marcador e finalizou. A bola desviou em Pepe, subiu e cobriu o goleiro Diogo Costa. 1 a 0 Atleti, e o Metropolitano explodiu em festa.Mas futebol é futebol. Em menos de cinco minutos, Hermoso foi de herói para vilão. Em uma jogada completamente despretensiosa do Porto no ataque, o zagueiro interceptou um cruzamento dentro da área com um domínio no peito. De maneira bizarra, Hermoso deu uma “manchete” com a mão na bola após a interceptação. Obviamente, o pênalti foi assinalado. O colombiano Uribe cobrou e mandou no canto esquerdo de Oblak, que chegou a tocar na bola, mas não conseguiu evitar o gol lusitano. 1 a 1.O jogo iria até os 54 minutos. Faltavam quatro para o apito final. O resultado parecia (pela segunda vez) estar definido. Mas um time que é comandado por Diego Simeone dificilmente desiste. O Atleti armou uma “blitz” pra cima dos portugueses, tentando de qualquer forma conquistar o resultado no pouco tempo que restava. E é neste pouco tempo que entra em campo um nome que até então não havia feito praticamente nada em campo. Se você se lembra do primeiro parágrafo do texto, é agora que ele começa a fazer sentido.O Atlético conquistou um escanteio no último minuto. O relógio já marcava 55. O time inteiro foi para a área. Era o último lance. Lemar cobrou no primeiro poste, Witsel para trás e encontrou o iluminado Antoine Griezmann. Quando você tem estrela, a bola te procura. Com um sutil toque de cabeça, o francês empurrou para o fundo das redes e pela terceira partida seguida, anotou o gol da vitória dos colchoneros. E novamente, apenas trinta minutos bastaram.Resultado: Atlético de Madrid 2 – 1 PortoA vitória levou os colchoneros para a primeira colocação do Grupo B. Já o Porto ficou na terceira posição. A próxima partida do Atleti na competição é contra o Bayer Leverkusen, enquanto o Porto enfrenta o Club Brugge.
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