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Futebol

Opinião: Por que a ausência de jogadores e ex-jogadores no velório de Pelé mereceu tantas críticas?

(por Rafael Lima) Hoje, 3 de janeiro de 2023, foi enterrado o maior atleta do século passado, o melhor jogador de futebol que já surgiu na face da terra, o Rei Pelé.O segundo dia de velório foi muito emocionante, milhares de torcedores e admiradores continuaram as visitas à Vila Belmiro, que totalizou mais de 230 mil pessoas que foram dar o último adeus ao Rei. Quando o caixão deixou o estádio, milhares de pessoas seguiram o cortejo que passou na frente da casa de Dona Celeste, a mãe do Rei, que tem 100 anos de idade, com cantos em homenagem a Pelé e o time do Santos, terminando a emocionante “procissão” no cemitério do Memorial, onde puderam dar o último adeus ao maior ídolo.Apesar de toda emoção do dia, uma polêmica foi instaurada nas redes sociais e em programas de TV, diversos jogadores e ex-jogadores notáveis do futebol brasileiro não foram ao velório de Pelé e este fato incomodou muita gente. Jornalistas e ex-atletas, sendo Neto o principal deles, foram enfáticos a criticar nomes como Ronaldo, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Cafú, Neymar e companhia, por não terem ido à Vila Belmiro dar o último adeus ao Rei do Futebol.Mas, por que a ausência dessas personalidades incomoda tanto? Onde está o erro na (falta de) atitude deles?Para começar, Pelé é o precursor do futebol arte, por causa dele, o Brasil se tornou o país do futebol. E, é muito provável que se ele não existisse, muitos atletas que vieram na sequência não teriam tido a mesma carreira ou talvez não tivessem escolhido esse esporte para praticar.Alguém já parou para pensar que Michael Jordan e alguns outros transformaram os Estados Unidos no país do basquete, Roger Federer e Rafael Nadal fizeram aumentar a procura de jovens pelo tênis na Suíça e na Espanha, Usain Bolt popularizou ainda mais o atletismo na Jamaica e até Michael Schumacher, nenhum alemão havia conquistado um mundial de Fórmula 1 e, depois dele, outros dois conquistaram. Ou seja, grandes ídolos popularizam esportes em seus países e foi exatamente isso que Pelé fez com o futebol no Brasil.Num país com diversos problemas e carente de ídolos, a gratidão é algo em “falta no mercado”, pois muitos não entenderam até hoje o que simboliza o fato de Pelé ser um brasileiro, preto, que veio de um lugar pobre, mas que conquistou o mundo e transformou hábitos de consumo, propagou como nenhum outro uma paixão nacional.Então, quando um Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Kaká, Cafú ou Dunga não se deslocam para dar o último adeus ou prestar uma homenagem, mesmo que protocolar, ao Rei, demonstram uma ingratidão por quem abriu caminho para que eles tivessem as conquistas que tiveram. Mas, sentimento e atitude, não devem ser cobrados, cada um tem o livre arbítrio de fazer o que bem entende da sua vida, porém, a falta de vontade de ‘perder algumas horas’ de suas férias demonstra um pouco como cada pessoa se importa com o próximo e, assim como eles tem todo direito de não ir ao velório de Pelé, eu, dentro da minha total insignificância, tenho a mesma liberdade de criticar esse “não se importar” desses astros do futebol.Para encerrar, apenas quatro coisas que merecem ser mencionadas. A primeira é a tamanha falta de senso do goleiro Marcos, que para justificar a ausência no velório de Pelé, usou a morte de seus pais e ainda falou que ninguém que está na internet foi na cerimônia deles, comparando situações completamente distintas e demonstrando uma infantilidade que chega a assustar. A segunda é sobre o já citado Neto, que não fala bonito, muitas vezes é exagerado, mas com sua autêntica espontaneidade, falou o que muita gente queria ter dito sobre as ausências e escancarou o problema que estava sendo discutido nas redes sociais. A terceira é sobre os clubes brasileiros, pois apenas São Paulo, Palmeiras e Botafogo, além do Real Madrid, enviaram representantes ao velório do jogador que tornou popular o esporte que eles disputam. Se jogadores as vezes não tiveram uma formação acadêmica ou uma educação de qualidade, dirigentes, na maioria dos casos, não tem a mesma desculpa e, é incompreensível, que a esmagadora maioria dos clubes não tenha enviado ninguém. E a quarta, é que devemos enaltecer quem esteve lá prestando suas últimas homenagens ao Rei Pelé, oferecendo um pouco de seu tempo por reconhecer que se tratava da partida de alguém especial para o esporte, para o país e o mundo, com uma trajetória que serve de exemplo a todos. Pelé deu muitas alegrias ao povo e seu adeus, foi como deveria ter sido, nos braços do próprio povo.

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