(por Rafael Lima)A lenda do jiu-jitsu brasileiro e campeão original do UFC, Royce Gracie, não gosta da maneira como as artes marciais estão sendo tratadas atualmente.Com o aumento da popularidade do jiu-jitsu nas últimas décadas, Gracie acredita que as academias atuais podem ter se tornado muito focadas em competições, esquecendo o que as artes marciais realmente deveriam ser: defesa pessoal. Em entrevista ao Combate, a lenda do Jiu-Jitsu explicou o que acha que professores e técnicos devem fazer com seus alunos.“Ninguém pratica artes marciais porque quer competir. Ninguém coloca seu filho nas artes marciais porque quer que ele ganhe um campeonato. Os pais querem que seus filhos aprendam a se defender. Uma mulher vai se juntar às artes marciais porque quer se defender.” Disse Royce.“As academias esqueceram a essência das artes marciais. As academias são as que mais te influenciam a participar de torneios. Tem gente que fala ‘comecei a treinar porque vi você ganhar o UFC’. Eu digo a eles que não é verdade, não foi por minha causa. Poderia ter sido qualquer um. A técnica que mostrei é o que atraiu essa pessoa.” Explicou.Embora Royce Gracie estivesse discutindo principalmente jiu-jitsu, ele acredita que o problema vai além de apenas uma arte marcial. Para exemplificar, ele citou o caso do karateca saudita Tareg Hamedi, que foi desclassificado na final dos Jogos Olímpicos de 2020 por usar contato excessivo em uma disputa por pontos contra o iraniano Sajad Ganjzadeh.“Como esporte olímpico, o jiu-jitsu ficaria ainda maior, mas perderia aquela essência de autodefesa. Essa é a arte marcial. Por exemplo, nas últimas Olimpíadas, um cara nocauteou o outro no caratê, mas quem nocauteou venceu? Quem o nocauteou foi desclassificado por força excessiva. Como pode ser? Foi para isso que o karatê foi inventado, para nocautear alguém. Aí eles falam: ‘Não, você tem que marcar pontos’. Não estou falando apenas de jiu-jitsu, mas de artes marciais em geral.” Completou o lendário lutador.
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