Fernando Diniz seleção Fluminense
Futebol

Site oficial da seleção húngara faz publicação sobre seu estilo de jogo e se compara ao Fluminense de Fernando Diniz

Um post no Twitter (atual X) publicado pelo perfil oficial da seleção húngara, gerou certo debate principalmente entre os torcedores do Fluminense. Afinal, a publicação ao falar do jogo de aproximação faz uma comparação ao estilo de jogo do time comandado por Fernando Diniz:

“Talvez poucos pensem assim, mas a nossa seleção A masculina, a seleção brasileira e a seleção do Fluminense na final do Mundial de Clubes têm algo em comum! Isto também decorre do passado comum do futebol brasileiro e húngaro.”

Na imagem da publicação na rede social, se observa seis jogadores húngaros ocupando o lado direito do campo e próximos da bola. Lembrando bastante como faz o Fluminense, em ocupar um lado do campo e com muitos jogadores próximos da bola. O post é um convite para leitura do artigo presente no site da Federação húngara de futebol com o título: “A Seleção voltou a tradição”.

A seleção da Hungria de 1954, os mágicos Magiares

Antes de se aprofundar no texto e nos conceitos táticos ofensivos do futebol, vale aqui fazer um uma espécie de momento histórico. A seleção da Hungria nos anos de 1950 foi uma das melhores do mundo com um time que marcou a história do futebol e de jogadores notáveis como Puskas e József Bozsik. A seleção que era treinada por Gusztav Sabes revolucionou o futebol invertendo o WM austríaco e o transformando em W.W, que futuramente viraria o 4-2-4.

Campeões Olímpicos em 1952, a seleção húngara era marcada por um time de muitas trocas de passe e muita movimentação e trocas de posição. Conhecidos como Magiares Mágicos, os hungaros foram os primeiros a derrotarem a Inglaterra em Wembley no ano de 1953.

Na Copa do Mundo de 1954 na Suíça, Puskás e companhia não decepcionaram na primeira fase se classificaram sem dificuldades com direito a um 9×0 contra a Coreia do Sul e 8×3 sobre a Alemanha Ocidental, que viria ser a campeã desse Mundial. Nas quartas de final eliminara o Brasil e o Uruguai e chegaram na final contra a Alemanha com 32 jogos de invencibilidade.

Porém, com coisas que só ocorrem no Futebol e que fazem esse esporte ser apaixonante, a mesma Alemanha que levou de 8 na fase de grupos, bateu a Hungria por 3 x 2 na grande final naquela decisão que ficou conhecido como “Milagre de Berna”.

Dissecando a matéria da seleção húngara

Voltando a matéria do site da seleção húngara, que pode ser vista aqui, a publicação traz um foco muito interessante sobre esse agrupamento de jogadores do mesmo lado do campo, como uma forma de desestabilizar as defesas:

“Aqui observa-se uma diferença significativa em relação ao jogo posicional, nomeadamente que durante a organização do jogo os jogadores ocupam uma área específica e pré-fixada, com base nesta é o passe da bola, cujo objetivo é mover-se o adversário em largura, criando assim uma vantagem posicional. O jogo posicional não se caracteriza pela superioridade numérica, pois o objetivo é distribuir as áreas igualmente”

O texto continua falando sobre o jogo posicional e traz um foco no parágrafo seguinte sobre a relação entre o futebol brasileiro com o húngaro dizendo que: “as organizações húngaras e brasileiras estiveram intimamente ligadas no passado, ambas as nações têm um espírito popular semelhante (em termos simples e no bom sentido: gostamos de soluções inventivas), e uma ligação estreita também pode ser observada no futebol, que tem origem na década de 1940 (Kürschner Izidor foi o técnico húngaro do Flamengo e do Botafogo brasileiros na década de 1930)“.

O texto destaca também o chamado “caos organizado” onde fala sobre essa movimentação dos jogadores com muitas trocas de posição. o texto também destaca que foi na Hungria que a posição de falso 9 surgiu com Hidegkutit, além de falar do jogo de combinação, um-dois, ou simplesmente tabelinha.

Fernando Diniz e o jogo aposicional

Claro que o post em se chama mais atenção dos torcedores do Fluminense, até por que foi o time tricolor o mais mencionado no texto e principalmente na chamada na rede social. Porém, o texto húngaro serve para se fazer uma alta reflexão do futebol brasileiro e que caminho a seleção brasileira quer tomar. Normalmente é muito difícil dizer se o que vivemos é algo histórico, se necessita uma certa separação do tempo para fazer uma análise melhor.

Mas é fato que o que vemos hoje em dia no time de Fernando Diniz vai além, mas muito além dos títulos vencidos pelo Fluminense, digo mais futebolisticamente os títulos são o que menos importam dentro desse contexto, mas por que não dizer que estamos vendo uma nova revolução tática do futebol?

Não é o Guardiola brasileiro ou algo do gênero, caro leitor esqueça essa comparação por que tirando a relação que o estilo de jogo de Diniz e de Guardiola tem com a bola, ambos possuem na bola o centro do seu jogo, a forma dos times de Pep e de Diniz jogarem não tem nada haver. São coisas diferentes, apesarem de possuir o mesmo objeto como central do sei jogo e ser um estilo baseado em passes curtos.

O estilo de jogo de Fernando Diniz é algo tipicamente brasileiro. Distinto do que já vimos nos times de Guardiola. O “Dinizismo” não é baseado em um jogo de posição e de trocas de passe, mas tem nesse “caos organizado” a sua principal característica. A troca de posições como se o campo de futebol fosse um grande carrossel é a principal característica do jogo que é apresentado no Fluminense. Se olharmos para a história do futebol e das evoluções táticas, algo mais próximo com a seleção brasileira de 1982 de Telê Santana e com a Holanda de 1974 de Rinus Michels.

No meio da confusão que vive a CBF e última vergonha ao ver Carlo Ancelotti renovar com o Real Madrid, cabe a entidade máxima do futebol brasileiro decidir o que quer para o seu futuro. Talvez fazer igual os húngaros e “voltar à tradição” possa ser um caminho ousado, mas talvez o melhor para seleção pentacampeã do Mundo.

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