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Vida, arte e Super Bowl

(por Marcos André)Definir o que é o Super Bowl não é fácil. Não é só um jogo. Também não se trata apenas de um grande evento. Talvez, para cumprirmos nosso objetivo, o ideal seja dividi-lo em dois momentos.Por pouco mais de três horas, o Super Bowl é a vida – de dois times, de centenas de jogadores e de milhões de torcedores. Depois disso, vira arte. Para sempre.6 de fevereiro de 2005 foi assim. Dia marcado para o encontro entre duas equipes assustadoramente dominantes, Eagles e Patriots escreveram uma história de vida marcante até os últimos segundos do quarto período.Tom Brady, em busca do terceiro título em quatro anos, estava a um jogo de distância de coroar a dinastia que reina até os dias de hoje. Do outro lado, Donovan McNabb e o potente time da Filadélfia buscavam seu primeiro Super Bowl. Em uma dura – e tensa – batalha nas trincheiras, o primeiro quarto terminou sem pontos, enquanto o segundo período registrou apenas um touchdown para cada lado.Após 30 minutos de ação, a frieza do tímido placar deu espaço para o calor dos fogos de Paul McCartney com Live And Let Die. E foi isso que as duas equipes fizeram no segundo tempo. Viveram.Após um terceiro período disputado, o jogo chegou ao quarto final empatado em 14 a 14. Finalmente, uma das equipes conseguiu abrir uma vantagem considerável no placar: com dez pontos seguidos anotados, cinco minutos separavam os Patriots do tricampeonato. Mas a vida não é fácil.Faltando pouco menos de dois minutos, os Eagles entraram na endzone e cortaram a diferença para apenas três pontos. Já sem muito o que fazer, a esperança de Filadélfia era um onside kick, que acabou malsucedido. A bola ainda voltou para McNabb com poucos segundos, mas a história já estava escrita. E a vida já havia decidido pelo fim.Estava na hora do nascimento da obra de arte. Eterna.Assim como quando um chute muito à direita mostrou que um ponto é tudo. Mas 25 não são nada. Quando, num apagar de refletores, 108 jardas tornaram-se um tapete vermelho. Mas 91 centímetros formaram uma barreira intransponível. Quando o retorno de uma interceptação significou 14 pontos. Ou o renascimento depois de um furacão. Quando a bola passou por cima das mãos. Mas parou no capacete.No dia 04 de fevereiro, essas duas equipes vão se reencontrar no Super Bowl LII. Domingo, a vida vai imitar arte. E depois, vai se transformar nela.

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