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Futebol Americano sem fronteiras – Entrevista com Gary Barnidge, ex-tight end de Cleveland Browns e Carolina Panthers

(por Marcos André)Nos Estados Unidos, cerca de um milhão de alunos de Ensino Médio jogam futebol americano. Desses, um em cada 17 – cerca de 70 mil – continuarão no esporte durante a faculdade. O sonho de entrar para a NFL se tornará mais imaginável para menos de 10% deles: somente 6500 são analisados pelos olheiros da liga. Mas vencer tudo isso não basta.Dessa elite, uma seleta minoria será convidada para mostrar seu potencial no Combine: cerca de 350, dos quais 256 serão selecionados por algum time no Draft.A dificuldade de fazer parte da liga mais competitiva do mundo é incalculável – ou melhor, é exatamente calculável. Pouquíssimos fãs do esporte conseguem ter contato com essa realidade, que se torna ainda mais distante para quem não é norte-americano.Gary Barnidge contrariou todas as estatísticas – mas ainda não está satisfeito. O Tight end, que chegou a ser selecionado para o Pro Bowl em 2014 pelo Cleveland Browns, é o fundador da organização “American Football Without Barriers”, que busca promover a prática do esporte em todo o mundo. A clínica, que não possui nenhum fim lucrativo, já passou por diversos estados dos EUA, além de vários países como Egito, China e Turquia – além, claro, do Brasil, em 2014. [[{“type”:”media”,”view_mode”:”media_large”,”fid”:”1835″,”attributes”:{“class”:”media-image aligncenter wp-image-2599 size-full”,”typeof”:”foaf:Image”,”style”:””,”width”:”1200″,”height”:”800″,”alt”:””}}]] Entramos em contato com Barnidge, que além de falar sobre a AFWB, também contou um pouco sobre sua carreira na liga. Confira! (P: Playmaker / G: Gary) P: Gary, você e Breno Giacomini (jogador do Houston Texans e filho de brasileiros) fundaram a American Football Without Barriers, que é um jeito fantástico de introduzir jovens ao mundo dos esportes. Como vocês tiveram a ideia de criar esse projeto?G: A ideia começou, na verdade, com três pessoas que estudaram na universidade de Louisville: eu, Breno e Ahmed Awadallah. Certa vez, o Ahmed disse que gostaria de fazer um camp de futebol americano no Egito, país de origem dele. A gente começou a pensar nos preparativos, mas aí a Revolução começou. (série de manifestações que se inserem no contexto da Primavera Árabe, em 2011). Por causa disso, a gente teve que adiar a ideia do camp, mas aí eu sugeri que transformássemos o projeto em algo anual, realizando cada vez em um país diferente. Assim, a gente poderia ajudar a espalhar o esporte pelo mundo, que é o que conseguimos com a American Football Without Barriers. P: Agora falando um pouco sobre sua carreira. Em 2015, você fez uma das recepções mais incríveis da história da liga, numa partida contra os Ravens. Conta um pouco sobre os detalhes e as memórias que você tem daquela jogada!*(A jogada mencionada pode ser encontrada no link: https://www.youtube.com/watch?v=mvpW-ZSeqhE)G: Todo mundo fala dessa jogada! Uma grande parte foi sorte – e um pouquinho de consciência. Eles (a defesa dos Ravens) mandaram uma blitz e me deixaram numa marcação 1×1 contra o safety. O Josh (McCown, QB do Browns) jogou a bola pro alto e falou “se vira, Gary!”. Nós dois subimos e eu percebi que a bola tinha caído no meu tornozelo. Quando eu senti, puxei a bola para cima, para as minhas mãos, o mais rápido possível, para não dar a chance do safety desviar. Foi uma grande jogada porque ajudou o nosso time a vencer. P: Barnidge, atualmente você é um free agent, mesmo já tendo provado ser um bom TE na NFL (incluindo uma temporada com quase 10 TDs e mais de 1000 jardas recebidas). Mesmo lidando com lesões, você ainda tenta voltar para a liga?G: Eu amaria voltar para a liga na situação correta. Eu já provei que consigo ajudar meu time, mas as franquias da NFL amam investir em jogadores novos. Eles sentem que todo mundo com mais de 30 anos já está decadente, o que não é sempre verdade. P: Nos últimos cinco anos, a popularidade da NFL aqui no Brasil vem crescendo num ritmo inacreditável. Hoje em dia, o Brasil já é o terceiro maior mercado do esporte no mundo – ficando atrás apenas do México e dos próprios Estados Unidos, claro. Você acha que os brasileiros podem sonhar com um Pro Bowl, ou com uma partida da série Internacional da NFL, sendo realizado aqui no futuro?G: Eu definitivamente consigo ver os brasileiros tendo essa oportunidade. O único problema eu vejo é que a liga normalmente prefere ir aos lugares em que eles sabem que terão o maior número possível de pessoas para assistir. É por isso que eles tão sondando a ideia de ir pra China, porque sabem que lá tem muita gente. No final das contas, o que importa mesmo é a audiência, mais do que espalhar o esporte e ter pessoas jogando, que é o que nós queremos fazer com a AFWB.

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