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Brasileirão Futebol

Landim explica detalhes da proposta de SAF para o Flamengo

Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, explica os detalhes da proposta de implementação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para o clube rubro-negro. Em uma entrevista exclusiva ao Portal ge, ele reforça sua posição favorável ao modelo, destacando sua diferença em relação às implementações em outros clubes brasileiros.

Contrariando especulações e preocupações da torcida, o presidente assegura que, caso a SAF seja adotada, ele não ocupará o cargo de CEO da empresa. Essa afirmação busca tranquilizar os críticos, reforçando o compromisso com a transparência e a gestão democrática do Flamengo.

Rodolfo Landim argumenta que a estrutura proposta permitiria ao Flamengo manter o controle sobre suas operações, mesmo com a entrada de investidores externos. Ele aponta o exemplo do Bayern de Munique como inspiração, onde uma empresa paralela à associação civil possibilitou a construção de parcerias duradouras e o desenvolvimento sustentável do clube.

Ele destaca que já houve conversas com investidores estrangeiros interessados no projeto, vislumbrando uma venda de até 25% da SAF rubro-negra. Essa injeção de recursos, segundo ele, viabilizaria a construção do tão sonhado estádio, sem comprometer as finanças do clube.

Diante das dúvidas e críticas em relação à proposta, ele enfatiza que a governança da SAF seria mantida pelos sócios do clube, preservando a identidade e a pluralidade do Flamengo. Ele ressalta a importância de encontrar um equilíbrio entre investimento e controle, visando o crescimento sustentável e a perenidade do clube mais querido do Brasil.

A Proposta da SAF

“Criar uma empresa que é dona do futebol, e eu faço uma diluição dela a exemplo do que o Bayern fez, que vendeu 25% dessa empresa com aumento de capital. Então, se 75% valem R$ 4,5 bilhões, coloca R$ 1,5 bilhão do lado de cá e fica com 25%. Eu posso vender para três caras como o Bayern fez: um que queira o naming rights, um que queira se associar ao Flamengo por 50 anos pela importância que o Flamengo tem ou por algum aspecto estratégico que possa trazer. E aí eu tenho dinheiro para fazer o estádio.”

“Mas vamos lá que eu não consiga fazer isso e eu precise colocar algum dinheiro… Eu tenho a finança estruturada para eventualmente botar esse dinheiro. A estrutura de fazer estádio é idealmente sem precisar focar no dinheiro. Mas, se eventualmente for necessário, eu tenho o clube estruturado para não me criar problema. O que eu quero é que o Flamengo, se for fazer um estádio, cresça ainda mais a capacidade para melhorar as receitas de match day e conseguir melhorar ainda mais o desempenho financeiro do Flamengo. É como eu penso”, explicou o presidente do Flamengo em entrevista ao Portal ge.

Landim também argumenta que a implementação da SAF é uma medida que visa preservar o legado conquistado ao longo dos 11 anos de reestruturação financeira do Flamengo. Ele enfatiza que o modelo de governança empresarial oferece uma estrutura sólida para manter e fortalecer as bases financeiras do clube, garantindo sua estabilidade e crescimento a longo prazo.

 “O clube, uma associação desportiva, não tem dono. Os donos são os sócios do clubes que têm o seu título. Têm o olhar apaixonado de torcedor, e não é um olhar de quem está preocupado estruturalmente com a saúde financeira. E a preocupação que eu tenho é que talvez nem todo mundo tenha sido forjado na vida, falando um pouco de mim, como eu fui. Eu não tenho problema de assumir desgaste, de resistir à pressão, mas isso é uma questão pessoal.”

 “Fica a dúvida de quem vai sentar na cadeira, se o cara aguenta a pancada. Porque na hora da pancada às vezes saem as decisões de “Vamos comprar alguém para calar a torcida”, “Vamos fazer não sei o quê”… Então, o pouco de gente que coloque dinheiro e vá cobrar porque tem dinheiro na mesa vai cobrar disciplina de capital nas tomadas de decisão. Para mim, seria algo bom para o legado futuro do clube.”, completou o presidente do clube rubro-negro

Diante das críticas que apontam a SAF como uma estratégia para perpetuar seu poder no Flamengo, Landim se comprometeu a assinar um documento, garantindo que nunca ocupará o cargo de CEO da eventual empresa. No entanto, apesar do término de seu mandato em dezembro, o presidente não planeja se afastar da política do clube.

“Já falaram isso. Pensam isso. Não tem problema nenhum, eu assino um papel de que jamais serei CEO de SAF alguma, com o maior prazer. Isso não é pessoal, é um problema estrutural. Eu quero o Flamengo bem. Estou dedicando seis anos da minha vida ao Flamengo, eu poderia estar trabalhando e ganhando dinheiro. Mas faço isso pelo fato de que entrei com um grupo de malucos que veio comigo para cá. Isso aqui é um sonho nosso. De fazer alguma coisa por algo que é importante na nossa vida. Isso é difícil de explicar porque o Flamengo tem essa dimensão na vida, mas tem.”

“O que eu acho é que, se eu tiver alguma coisa a mais para contribuir para o Flamengo depois desses seis anos, e é algo que eu tenho discutido com alguns sócios para ver se ajudo a fazer, são essas transformações estatutárias que permitam dar um pouco de segurança a continuidade de uma gestão com disciplina de capital no clube.”, declarou o presidente do Flamengo

Finanças do Flamengo preparam o terreno para o estádio

Quanto às finanças, o mandatário assegurou que o Flamengo está se preparando para o grande investimento no estádio. Enquanto continua contratando jogadores, o clube não possui dívidas bancárias no momento. Além disso, conseguiu reduzir suas obrigações relacionadas a impostos não pagos no passado e tem evitado criar pendências. Essa estratégia visa deixar a associação pronta para iniciar as obras da futura arena.

“Eu ouço muitos jornalistas esportivos fazendo comentários interessantes. Falam de gestão de empresa e eu ouço: “O Flamengo do jeito que está estruturado, vai passar 10 anos com desempenho maravilhoso”. E eu digo para vocês: com três meses de má gestão dá para destruir o Flamengo. Não precisa de muito tempo. Com a minha caneta, dá para destruir o Flamengo. Tudo o que se construiu a gente destrói em três meses. Eu compro o Neymar, o Mbappé e mais um. Coloco 600 milhões de euros de dívidas no balanço do Flamengo.”, completou Rodolfo Landim

No que diz respeito à responsabilidade, o presidente assume a liderança, reconhecendo que detém o poder de decisão e mudança no clube. Ele enfatiza que, se algo der errado, a culpa recai sobre ele. Quanto à implementação do modelo SAF no Flamengo, destaca a complexidade da palavra, ressaltando que o clube manterá sua estrutura plural, com governança controlada pelos sócios, apesar das mudanças financeiras propostas. Destaca a importância de garantir o envolvimento dos sócios na condução do clube, mesmo diante das transformações.

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