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Automobilismo

ACERVO TÉCNICO: os “Trens de DRS” e como os carros não conseguem ultrapassar mesmo abrindo a asa

(por Wilson Machado)Ao ser introduzido em 2011, o principal intuito do DRS era de aumentar o número de ultrapassagens nas corridas, e ele obteve sucesso nessa missão desde o começo. Porém, existe um “fenômeno” que foi chamado de “Trem de DRS”, onde vários carros ficam com o DRS aberto atrás de um carro sem o dispositivo acionado, mas ainda assim não existem ultrapassagens. Antes de falarmos sobre o porquê das ultrapassagens não acontecerem, vamos entrar mais a fundo no dispositivo em si. O DRS é um Sistema móvel de redução de Arrasto na asa traseira, o que significa que seu acionamento muda o fluxo do ar pelo carro, aumentando muito a fluidez da passagem do ar pela asa traseira e assim fazendo o carro ter ganhos expressivos de velocidade em seu acionamento. Tendo em vista que seu acionamento só acontece em determinados setores de reta, com a diferença entre os carros sendo menor do que um segundo, entra em questão o vácuo, que, em termos simples, é o carro de trás aproveitando o corte de ar do carro da frente, e sofrendo menos arrasto por literalmente “cortar menos ar”. Se pegarmos como exemplo o 3° setor de Baku, uma das maiores retas do campeonato, nós já temos a geração do vácuo de um carro para o outro, o que significa que o carro atrás já começa a ganhar velocidade, mas, quando chegamos na parte do DRS, que já é basicamente o trecho final da reta, você aciona o DRS quando já tem um índice baixo de arrasto por conta do vácuo. Como resultado, o seu carro já vai ter menos ar para cortar, então a eficiência de um dispositivo para cortar menos ar cai drasticamente. Aí você se pergunta: por que o carro que está gerando o vácuo, no caso cortando e tendo mais resistência do ar, não é ultrapassado? Isso também é relativamente simples de responder. Voltando ao conceito do vácuo, a partir do momento em que você toma uma postura de ataque de posição, você sai da posição de vácuo, gerando de forma repentina uma carga de arrasto muito grande, interrompendo a progressão de velocidade de forma brusca, pois. a partir do momento que você estava “cortando menos vento” e passa a “cortar mais”, toda a diferença de pressão da área de vácuo para a área aberta vão atrapalhar a progressão. Aí entra o DRS. Com ele aberto o seu carro deveria ainda sim ser mais rápido, e ele é, mas a progressão do carro é tão brusca, que mesmo já tendo um dispositivo para diminuir o arrasto, a razão da pressão entre as zonas é tão grande que o DRS perde cerca de 60% da sua eficiência instantânea. Nas vezes que isso acontece entre dois carros, normalmente antes já da Zona de DRS, você já vê o piloto que está atrás puxando o carro para um dos dois lados, para, na abertura do DRS, o carro já começar a progressão em espaço aberto, trazendo assim o máximo de eficiência do DRS. Agora, nos momentos em que temos mais de dois carros envolvidos, até por manter uma postura defensiva, o trem de vácuo acontece, e então os carros, mesmo com DRS aberto, não geram uma diferença de velocidade tão grande entre si, dificultando ainda mais as ultrapassagens. Vale citar que esse é um fenômeno muito mais comum em pistas de retas muito longas que às vezes a abertura do DRS não se dá no início da zona de aceleração, sendo Monza e Baku os autódromos que esse fenômeno é mais observado. De todos os pontos aerodinâmicos que já foram se criando e se resolvendo na era moderna da F1, esse é o que mais está longe de resolução, pois o problema não está nos carros, mas na física, que é algo que, por mais que engenheiros e programas de CFDs possam prever e quantificar, você não tem o controle da situação. No caso de Baku muito foi falado sobre a diminuição em 100 metros da Zona de DRS. Estima-se que os carros perderam quase 7 km/h por conta dessa diminuição, que por mais que seja um valor para se considerar pequeno, na entrada da curva, e na decisão de frear mais cedo ou mais tarde faria total diferença. Enquanto não se arruma uma solução para isso, nos resta torcer para que a eficiência do DRS e outros elementos aerodinâmicos cresçam em circuitos de grandes retas. Se não, com o passar do tempo, os pelotões intermediários correm o risco de virarem grandes e tediosas procissões diminuindo as batalhas e o interesse em determinadas etapas que um dia já tiveram muito apelo dos torcedores.  

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