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Futebol

Arsenal: de “escanteado” a protagonista, sem espaço para “vexame”

(Por Isaac Simões)Não é correto definir a temporada do Arsenal como “vexatória” ou, como muitos estão ousando afirmar, “decepcionante”. Usar qualquer um dos termos para nomear a melhor campanha dos últimos sete anos dos Gunners é, no mínimo, injusto ou uma falta de conhecimento sobre um dos clubes mais tradicionais da Inglaterra. Óbvio que o fim da Premier League de 2022/23 reservou um final com requintes de crueldade para o torcedor do lado vermelho de Londres. Nem mesmo o mais otimista esperava que esse jovem time montado por um jovem (e não menos eficiente) técnico, Mikel Arteta, conseguisse ao menos incomodar o poderoso e estrelado elenco do Manchester City, de Pep Guardiola. Aliás, Guardiola que foi mentor de Arteta no passado, no próprio City. E que sempre faz questão de elogiar o agora ex-pupilo quando é perguntado sobre o espanhol de 41 anos. “Acho que o desenvolvimento do clube desde que ele assumiu é óbvio, é a realidade. Tenho a sensação de que Mikel (Arteta) mudou a estrutura do Arsenal. Ele mudou muitos jogadores. Ele foi apoiado pela hierarquia do clube e é por isso que o sucesso está aí. Fiquei impressionado, eles têm sido muito bons”, afirmou Pep em entrevista às vésperas da “final antecipada” contra o Arsenal, em abril, cujo resultado deu o esperado: goleada do City por 4 a 1 em mais um dia iluminado de Kevin De Bruyne.Você deve se perguntar: era óbvio o vice-líder golear o líder em um jogo decisivo pela disputa do campeonato? Talvez o termo soe como exagerado, mas para o poder de fogo que o time de Manchester possui, o investimento realizado na montagem do elenco nos últimos anos para atingir a “quase” perfeição com a chegada do incrível Erling Haaland, o “óbvio” talves seja a melhor definição. Sobretudo quando comparado com um Arsenal formado por garotos e alguns atletas que, até estarem nas mãos de Arteta, não tinham o mesmo potencial. Em um campeonato de 38 rodadas, é normal tropeços acontecerem. É difícil e quase impossível manter uma regularidade ao longo da temporada. Somente times históricos conseguem. Como o próprio nome já diz: “histórico não é regra, é excessão”. Não era o caso do Arsenal, mas é e provavelmente continuará sendo o do City. Os Gunners perderam quando não poderiam perder. O City ganhou quando deveria ganhar. A diferença entre os dois na Premier League pode terminar com nove pontos de distância, mas para o terceiro colocado Newcastle, Arteta conseguiu abrir 11. É digno de aplausos!O desempenho do Arsenal em 2022/23 fala mais de seu técnico e da capacidade de colocar em prática ideias que a cada dia evoluem, construindo uma nova história nos Gunners, do que sobre um elenco renomado, com gastos milionários, capaz de ser exigido por grandes conquistas. O vice-campeonato da Premier League merece ser exaltado, sim. A volta à Champions League, que em determinado momento era o objetivo, agora parece ser normalizada. Calma. Pés no chão e paciência.Talvez o erro do Arsenal foi ter atingido um patamar de qualidade rapidamente em um projeto que está apenas no início. Talvez o erro foi devolver ao verdadeiro e sofrido torcedor memórias sofridas, de quando o clube bateu na trave em vários momentos. Talvez trazer à tona uma sensação, como nos vários relatos do jornalista Nick Hornby, em seu livro Febre de Bola que “não adianta se animar, porque no final o Arsenal sempre perde”. Talvez, o erro foi fazê-los sonhar. Mas acreditem: as próximas temporadas prometem muito aos Gunners. Não existe fracasso neste grupo, e sim evolução. Não façam como alguns espectadores (não torcedores) que abandonaram o Emirates após o terceiro gol do Brighton. Ao contrário: aplaudam! O Arsenal bateu gigantes e ficou atrás do atual (ou em meses se tornará) o melhor time do mundo. Futebol não é e nunca será apenas resultado.  

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