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Automobilismo

Ayrton Senna, 61 anos

(por Ricardo Menegueli) Há 61 anos, nascia, em São Paulo, Ayrton Senna da Silva.Eu poderia vir aqui e escrever um texto falando sobre todos os grandes feitos de Senna no automobilismo, apresentar dados como 65 poles, 41 vitorias e três títulos mundiais, ou explanar sobre seu brilhantismo em todas as vezes que guiou um carro de corrida. Poderia também, sem nenhum problema, falar de suas incansáveis e precisas habilidades ao guiar um carro de Fórmula 1 na chuva, ou de sua astúcia e coragem ao executar uma ultrapassagem, freando o carro 5 metros adiante de seu adversário. Poderia também citar a sua garra, imponência e determinação, ou o fato de ser implacável ao defender uma posição. Porém, hoje, quem está aqui não é apenas o analista, que antes de tudo era torcedor e admirador de um atleta excepcional, eleito o quarto desportista mais importante do Século XX. Quem veio hoje foi a memória viva de uma criança que, vendo seu ídolo, começou a querer mais, começou a ter um novo exemplo na vida.Senna era definido pelo meu pai como “um primo distante que, em épocas tão difíceis, trazia uma boa noticia aos domingos pela manhã”. Acredite, eram tempos difíceis para todos nós. Mas, enquanto muitos tinham medo, contávamos com uma pessoa que levantava a nossa bandeira sozinho, em um pódio com pilotos europeus, dizendo “somos bons, conseguimos!’. E era muito bom sair de casa em um domingo, após o GP de Monaco, e saber que no horizonte tudo ia ficar bem. Era impossível não estar orgulhoso, era improvável não querer mais. Quando você tem pouco, qualquer coisa é muito. Senna era um herói nas TVs de tubo que refletiam tudo que a criança de classe média-baixa com vontade precisava para se espelhar: ele era bem sucedido, carismático e orgulhoso de seus feitos. Era tudo que eu queria quando criança. Ser alguém. E a mensagem que Senna passava era muito forte sempre, as pessoas paravam pra ouvi-lo como se fosse o Presidente da República. “Seja você quem for, seja qual for a posição social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus, que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá.” Disse o ídolo.Sabe, relembrar essa frase me traz coisas boas todos os dias. Eu me lembro que, ao longo da vida, algo sempre me traz de volta ao meu amor pela velocidade, muito disso é o lado competitivo que tenho, mas também trata-se de uma saudação ao meu passado, do menino que passou a vida sonhando com um cortador de grama que fosse com acelerador, freio e um volante que fosse. Se tem alguém a quem eu possa agradecer, é a Ayrton Senna.Senna foi o maior ídolo que uma criança poderia ter ao longo dos anos, quando o seu maior exemplo passa a vida brigando por algo melhor e dizendo que você pode ser alguém – e que deve lutar por isso o quanto puder – assimilar isso te faz mais forte, esforçado e, acima de tudo, esperançoso. Ele faria 61 anos hoje, e talvez estivesse por aí, olhando os novos pilotos batendo seus recordes e doido para subir em um carro para “arrancar na marra”, mas o destino nos tirou ele antes disso, talvez para que, ao invés de apenas um atleta bem sucedido, ele deixasse um legado e um sentimento de que sempre é possível melhorar, basta querer. Feliz aniversario, Senna – esteja onde estiver – e obrigado por tudo, sem exceção. Mesmo não sabendo, você sempre esteve comigo nos momentos que eu mais precisei, trazendo uma boa notícia ou deixando um legado pelo qual vou carregar o resto da vida.Para se ter uma ideia da importância do Ayrton e de como ele me acompanha ao longo da vida, tenho até hoje um tapete do Senninha no meu quarto, na casa dos meus pais, e pasmem, eu já passei dos 30 anos faz tempo. 

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