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UFC

Exclusivo: Virna Jandiroba dá previsão de retorno e mira nova chance contra Tatiana Suarez: ‘Tenho jogo para vencê-la’

(por Leandro Chagas)Estar no top 10 de qualquer divisão do UFC não é tarefa fácil, ainda mais na disputadíssima categoria peso-palha feminino (52,1 kg), atualmente dominada pela chinesa Zhang Weili. Número 7 no ranking, a baiana Virna Jandiroba, de 35 anos, vinha embalada com duas vitórias seguidas, em cima da norte-americana Angela Hill, e da também brasileira Marina Rodriguez, em maio deste ano. Contudo, logo depois de seu triunfo mais recente, “Carcará” sofreu uma lesão no joelho, que fez com que ela fosse retirada de um duelo marcado para o dia 5 de agosto, contra Tatiana Suarez, que vem em ascensão no Ultimate. Em entrevista à Playmaker Brasil, Virna falou sobre a frustração de sair da luta, deu detalhes sobre sua recuperação e uma possível previsão para retornar ao octógono. Ex-campeã peso-palha do Invicta FC, Virna contou que a lesão aconteceu logo em seu primeiro dia de treinamento após a vitória contra Marina. A lutadora também deu detalhes sobre o nível de gravidade da contusão. “Eu saí dos Estados Unidos, após o duelo com a Marina, já com a luta [contra a Tatiana] marcada. Aí no primeiro dia de treinamento aqui no Brasil eu tive uma torção no joelho. Foi no meu LCA (ligamento cruzado anterior), no menisco da perna esquerda, porque eu já tive uma lesão igual no ano passado na perna direita. Os ligamentos romperam e eu tive que passar por um processo cirúrgico, por isso fui retirada do card. Já tem pouco mais de dois meses desde a cirurgia. Tô me recuperando muito bem, mas apesar disso o LCA tem um tempo de maturação dele. É algo fisiológico, então não dá pra acelerar. Então, apesar de estar muito bem, eu tenho que cumprir os estágios, tenho que respeitar. Eu tô fazendo a parte de fortalecimento. O meu treinamento agora tem sido mais genérico, eu não tô fazendo o gestual da luta ainda. Mas eu imagino que talvez em um mês eu já possa fazer drill, não estar treinando de forma intensa, mas os drills eu acredito que eu já possa fazer. Mas por hora eu tô na parte mais genérica, fazendo o fortalecimento físico, organizando e fortalecendo a estrutura, não só do joelho, mas de forma geral”, explicou. Jandiroba falou sobre a sensação de ter que dar uma pausa em sua sequência positiva, confessando também que se sentiu bastante frustrada por não poder enfrentar Tatiana Suarez. Invicta no MMA 10-0, a norte-americana vinha sofrendo uma série de lesões desde 2019, mas retornou ao UFC em fevereiro deste ano, vencendo Montana De La Rosa, em fevereiro, e Jéssica Bate-Estaca, em agosto, saltando da 10ª posição para a 5ª do ranking, ultrapassando a própria Virna.”Eu fiquei muito frustrada. Porque eu estava numa boa fase, vinha de duas vitórias, e sobretudo porque eu sofri a mesma lesão no ano passado. Eu sofri a lesão, voltei, me recuperei, lutei, aí eu tive que passar por outro processo cirúrgico, que demora um tempo pra você se recuperar. Então, isso me deixou muito frustrada, sobretudo por isso, pela fase que eu estava. Talvez mais uma ou duas vitórias me colocassem ali diante do cinturão, mas eu ainda quero enfrentar a Tatiana.”Mesmo admitindo a frustração, “Carcará” tenta ver os pontos positivos dessa pausa forçada na carreira, mirando inclusive um encontro com Suarez, no qual ela acha que tem as armas necessárias para sair com a vitória. “Eu tenho tentado ver as coisas de forma mais otimista, vendo o copo meio cheio. Passando o calor do momento, é dessa forma que eu tento encarar. Eu quero enfrentar a Tatiana, e certamente eu vou enfrentá-la numa situação melhor. Porque ela tava atrás de mim no ranking naquele momento, agora ela já está na minha frente. Então é uma luta que eu tenho mais a ganhar agora do que antes. Imagino que ela vai disputar o cinturão agora. Eu quero muito enfrentar a Tatiana, acho que tenho jogo para vencê-la, e vai ser uma luta maravilhosa”, analisou. Justamente por estar em uma das categorias mais disputadas do Ultimate, volta e meia Virna Jandiroba acaba tendo que medir forças com uma compatriota. Mesmo sabendo que grande parte do público brasileiro não gosta desse tipo de situação, a baiana confessa que isso não tem nenhum impacto mental em sua preparação para a luta. “Dentro do próprio UFC eu já lutei com muitas meninas brasileiras. Então pra mim já virou corriqueiro. Não tem um impacto mental pra mim, não. Mas obviamente eu prefiro lutar com as pessoas não brasileiras, porque não divide opinião. E também porque é bom que as brasileiras cheguem. É por isso também que a gente acaba lutando, porque a gente tá chegando. O top 15 e o top 10 tá cheio de brasileiras. Então, olhando por esse lado é algo muito bom. Eu prefiro lutar com as meninas de fora, mas lutar com brasileiras não representa um problema pra mim”, confessou ela, que dentro do Ultimate já enfrentou Mackenzie Dern, Amanda Ribas e Marina Rodriguez.Com um cartel 19-3 no MMA, sendo 5-3 no UFC, Virna já venceu alguns nomes conhecidos, como Felice Herrig, Angela Hill e a própria Marina. Apesar de já estar na 7ª posição de sua divisão, ainda existem aqueles que não apontam a baiana como um possível nome para disputar o cinturão peso-palha. Mostrando maturidade, Jandiroba disse não se incomodar com isso, já que se vê como uma das melhores lutadoras do mundo em sua faixa de peso. “Eu não tenho controle sobre a opinião das pessoas, e a opinião das pessoas é muito volúvel, muito instável e influenciada por diversas questões que vão além da minha habilidade. Então isso não determina a minha percepção, a minha autoimagem. Eu tô ali no top 7 agora, mas eu poderia estar no top 5. Eu sei desde o começo da minha carreira que eu poderia estar lá. Obviamente eu precisei amadurecer tecnicamente, emocionalmente pra estar lá. Além de ter as oportunidades pra fazer isso acontecer. Mas eu sempre tive certeza de que era lá o meu lugar. Que eu sou uma das melhores lutadoras do mundo. Isso eu tinha certeza. Óbvio que eu ainda tenho muito o que amadurecer, porque o caminho é infinito, inacabável. Eu vou continuar trabalhando, independente da opinião das pessoas. Eu acho que a gente tem que trabalhar bastante. Fortalecer a nossa autoimagem, a nossa percepção sobre nós mesmos de coisas positivas. Isso e as oportunidades, alguns fatores externos é que vão determinar onde eu vou chegar, e não a opinião das pessoas necessariamente”, ponderou. Ciente das dificuldades para chegar ao topo e bater a campeã Zhang Weili, que vem de três vitórias consecutivas, sendo a última em agosto, em cima da brasileira Amanda Lemos, Virna Jandiroba fez uma autoanálise, apontando o seu diferencial para chegar ao cinturão. “Nesse momento, o que eu acho que tenho de diferencial é o tempo. É aquele lance de ver o copo meio cheio. Por conta da lesão, eu tenho mais tempo agora pra aprimorar e desenvolver novas habilidades, pra ver o cenário melhor. São todas essas questões. Porque muitas vezes quando a gente tá na disputa, nas competições, a gente não tem tempo. A gente tem que executar. Se eu vou lutar, eu tenho que executar a estratégia desenvolvida pra tal pessoa. Obviamente a gente tá sempre aprendendo. E eu aprendo muito nos aspectos psíquicos e emocionais ali durante o camp, e isso me expande bastante. Mas eu acho que tecnicamente a gente não tem muito tempo para desenvolver novas coisas. Então, agora eu tenho tempo para isso. Pra desenvolver novas habilidades, pra aprimorar, pra olhar o cenário, pra estudar melhor a própria Zhang e outras meninas de forma geral. Então eu tenho o tempo a meu favor.”Mantendo os pés no chão para não voltar antes de estar 100%, Virna Jandiroba confessou que ainda não tem nenhuma luta marcada para seu retorno. Contudo, a baiana projetou uma data para voltar ao octógono, vislumbrando até uma nova chance para medir forças com Tatiana Suarez. “Eu não tenho luta marcada por conta desse processo de recuperação que eu tô. Eu gostaria de lutar em fevereiro, porque eu já teria tempo do meu ligamento estar maturado [recuperado], e de fazer um bom camp. Obviamente que o cenário da divisão pode mudar até lá, mas eu gostaria de lutar com uma menina que estivesse na minha frente no ranking. Seria muito bom, porque eu quero continuar nessa corrida pelo cinturão e andando pra frente, olhando pra frente. Eu tão pouco penso em nomes neste momento, por conta dessa instabilidade dentro do próprio ranking. Mas com certeza seria uma menina que estivesse na minha frente. Poderia ser a própria Tatiana também, já que tínhamos essa luta marcada anteriormente”, finalizou.  

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