(por Rafael Lima)Nesta semana surgiu uma bomba que levou muita gente a acreditar que se a Renault não tivesse trapaceado no Grande Prêmio de Cingapura de 2008, Felipe Massa poderia ter vencido a corrida e o título mundial.Mas a Renault o fez, e o Safety Car que saiu para o Renault atingido por Nelson Piquet Jr pressionou a Ferrari no pit stop que se seguiu e eles quebraram, liberando Massa prematuramente com a mangueira de combustível ainda presa ao carro.Eles também o colocaram no caminho de outro carro enquanto tentavam sair à frente de Lewis Hamilton, que viu Massa ser atingido por uma penalidade de drive-through por uma liberação insegura. O companheiro de equipe de Piquet Jr, Fernando Alonso, conquistou a vitória com Hamilton em terceiro e Massa sem pontos, no 13º lugar.Com a recente revelação chocante de Bernie Ecclestone de que ele e o então presidente da FIA, Max Mosley, já sabiam naquela temporada que a Renault havia ordenado que Piquet Jr caísse para transformar o pit stop de Alonso na liderança da corrida, perguntas agora estão sendo feitas não apenas sobre o resultado da corrida, mas o campeonato como um todo.Ecclestone incendiou a mídia social quando admitiu recentemente que não apenas ele e Mosley sabiam que a Renault havia trapaceado, mas também o mantiveram em silêncio e indicaram a Nelson Piquet que fizesse o mesmo.“Decidimos não fazer nada por enquanto”, disse Ecclestone. “Queríamos proteger o esporte e salvá-lo de um grande escândalo. Por isso usei línguas angelicais para persuadir meu ex-piloto Nelson Piquet a manter a calma.” Seguiu.“Tínhamos informações suficientes a tempo de investigar o assunto. De acordo com os estatutos, deveríamos ter cancelado a corrida em Cingapura nessas condições.” Explicou. “Isso significa que nunca teria acontecido para a classificação do campeonato. E então Felipe Massa teria se tornado campeão mundial e não Lewis Hamilton.” Concluiu.Mas eles não investigaram, optando por manter o silêncio com Hamilton conquistando o título mundial por um único ponto sobre Massa.Presenteado com o troféu nos dias seguintes ao Brasil, Ecclestone e qualquer pessoa que conhecesse o que aconteceu em Cingapura estava efetivamente livre para falar, pois havia uma regra de que uma classificação no Campeonato Mundial após a cerimônia de premiação da FIA no final do ano era intocável.Felipe Massa está considerando entrar com uma ação legal e argumenta que, dadas as circunstâncias que acabaram de vir à tona, ele merecia ser considerado o campeão de 2008. “Acho que se você foi punido por algo que não foi sua culpa”, disse o brasileiro ao Motorsport.com, “e é produto de um roubo, uma corrida roubada, a justiça deve ser feita.” Prosseguiu.“Na verdade, a situação certa é anular o resultado dessa corrida. É a única justiça que pode ser feita em um caso como este.” Sacramentou. “No final, fui eu quem mais perdeu com esse resultado. Então, estamos indo atrás para entender tudo isso.” Concluiu.Mas dado que uma equipe foi a culpada pelo escândalo de trapaça, a Renault, seria correto cancelar toda a corrida e apagá-la da classificação? Não há precedente para isso.Embora Ecclestone diga que os estatutos permitiriam o cancelamento da corrida, no passado, quando uma equipe ou piloto trapaceava, eles pagavam o preço por serem excluídos da corrida ou do campeonato como um todo. O resultado de uma corrida nunca foi apagado da história.Michael Schumacher tem dois DSQs ao lado de seu nome em corridas, excluído do Grande Prêmio da Inglaterra de 1994 por não cumprir uma penalidade, e novamente mais tarde naquele ano em Spa, onde venceu, mas foi encontrado desgaste excessivo no bloco de proteção de madeira sob seu carro. Ele também foi expulso do Campeonato de Pilotos de 1997 por colidir deliberadamente com Jacques Villeneuve na decisão do título.Nas três instâncias apenas o piloto foi penalizado pelos pecados cometidos, o resto do pelotão manteve seus resultados e na maioria subiu uma posição.Também houve ocasiões em que as equipes trapacearam, como a BAR em 2005, quando a equipe foi considerada culpada por operar um segundo tanque de combustível oculto no Grande Prêmio de San Marino. Naquele domingo, Jenson Button e Takuma Sato terminaram em terceiro e quinto e foram excluídos do resultado da corrida. O resultado da corrida manteve-se, só não incluiu os companheiros da BAR.A McLaren trapaceou em 2007, a equipe colocando as mãos na propriedade intelectual de um rival. O resultado da temporada ainda estava de pé, a Ferrari subiu para P1 no Campeonato de Construtores, e a equipe de Woking foi eliminada.Em todos eles, foi a equipe ou piloto individual que pagou o preço por suas trapaças, não todo o pelotão. Então, com base nesse precedente, se a FIA interviesse hoje e mudasse o resultado porque a equipe de Alonso trapaceou, tudo o que aconteceria é que ele seria excluído da corrida.Isso daria a vitória a Nico Rosberg, com Hamilton subindo de terceiro para segundo, Massa seria o 12º com seu déficit para Hamilton na classificação crescendo. Em vez de Hamilton ganhar o título por um único ponto, o britânico venceria por três.Se o ex-piloto da Ferrari defendeu a exclusão da Renault do campeonato, afinal Schumacher foi excluído por causar uma batida deliberada, isso também não daria o título a Massa, já que Hamilton se beneficiaria disso mais do que o brasileiro com seis pontos a cinco.Hamilton marcaria um ponto adicional no GP da França ao terminar atrás dos dois Renaults, P10 a P8, e dois em Cingapura, onde subiria do terceiro para o segundo, degrau que valia dois pontos em 2008.Ele também teria conquistado um ponto extra na Hungria, quarto a terceiro, Itália, sétimo a sexto, e Brasil, quinto a quarto, onde perdeu para Alonso.Quanto a Massa, ele ganharia dois pontos na Alemanha ao passar de terceiro para segundo, um para a Itália, onde terminou atrás de Alonso, sexto para quinto, e dois no Japão, onde perdeu para os dois Renaults, sétimo para quinto, levando seus ganhos para cinco. Ainda não o suficiente para Massa conquistar o título mundial.Embora a busca de Massa seja totalmente compreensível, já que ele provavelmente se sente duas vezes roubado, dadas as declarações de Ecclestone e o resultado do GP do Brasil no final da temporada, onde ele foi campeão mundial por 38 segundos, antes de Hamilton ultrapassar Timo Glock, o resultado final está aí: nenhum precedente para excluir uma corrida, apenas um piloto ou equipe. E se a Renault for excluída do GP de Cingapura ou do campeonato, os números ainda favorecem Hamilton.Portanto, Lewis Hamilton é o legítimo campeão mundial de 2008.
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