(Por Henrique Rodrigues)Quando eu era criança, os domingos eram quase como um ritual. De manhã era tomar café assistindo Fórmula 1 (quando as corridas não eram de madrugada), depois almoçar assistindo futebol às 16 horas e dormir depois de ver os gols da rodada no Fantástico. E, como na maioria das famílias que gostam de corrida, eu passei boa parte da minha vida ouvindo sobre o grande Ayrton Senna. Além disso, a Ferrari era a equipe favorita daqui de casa por conta da família do meu avô, que é italiana.Como eu nasci em 2001, eu também não vi a inesquecível vitória do Rubinho no GP da Alemanha em 2000, e não tenho nenhuma memória dele correndo pela Ferrari. Pulando alguns anos, chegamos no cara que eu adorava ver pilotando: Felipe Massa. Minhas memórias de Fórmula 1 mais antigas são as da temporada de 2008, com a principal sendo a fatídica corrida de Singapura, quando Massa ia sair dos boxes com a mangueira de gasolina presa no carro, atrasando muito ele, que acabou a corrida em 13º, quase conseguindo beliscar um ponto ainda.Como uma criança totalmente fascinada por esportes (e que odeia ver quem ele torce perder até hoje), naquele 02 de novembro eu estava muito nervoso. Seria, além do primeiro campeão brasileiro na modalidade desde Senna em 1991, o primeiro campeonato que eu comemoraria. Quando Felipe cruzou a linha de chegada em primeiro lugar, eu comecei a pular de alegria, apenas para ir do céu ao inferno em poucos segundos, quando Lewis Hamilton ultrapassou Timo Glock na última curva e ganhou o seu primeiro título. Essa derrota doeu tanto naquele moleque que eu não vi Fórmula 1 em 2009, e só voltei a ver em 2010 por causa do Vettel, parando de novo em 2014, quando o alemão parou de ganhar. Se não fosse a pandemia, eu talvez nem teria voltado a acompanhar. Sim, eu tenho birra com o Hamilton até hoje por ele ter roubado aquela alegria do meu eu de doze (quase treze) anos atrás.
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