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O dia em que era proibido piscar – Super Bowl 50 in loco sob o ponto de vista de um torcedor

(por Gabriel Mott)Sempre que estamos em um momento de dificuldades ou passando por grandes mudanças em nossas vidas, costumamos olhar com mais atenção para as coisas que nos fazem felizes ou que nos interessam, mas por algum motivo estavam em um plano secundário, e com isso fazemos resoluções, promessas e listas, ou seja, procuramos fazer algo que julgamos ser positivo para tentar melhorar ou dar um novo rumo a nossa vida. No meu caso fiz 3 listas de experiências que considero que sejam inesquecíveis e únicas, histórias para serem contadas para o resto da vida, e essas 3 listas eram divididas em conquistas pessoais, lugares para conhecer e eventos esportivos. Lógico que o evento esportivo número 1 da minha lista era o Super Bowl.Acompanho NFL há cerca de 10 anos, e a cada temporada que passava me apaixonava mais, e acabei me tornando torcedor do Denver Broncos, mesmo sendo a época das vacas magras, com Kyle Orton e Tim Tebow como QBs, mas quando Peyton Manning decidiu vestir a camisa laranja, tinha certeza que tudo mudaria para o time do Colorado.Em 2012, depois de uma excelente campanha 13-3, veio uma derrota dolorida em casa para o Baltimore Ravens no divisional round. Em 2013, após outro 13-3, o time chegou com um ataque espetacular ao Super Bowl contra o Seattle Seahawks, mas acabou sendo massacrado. Em 2014, com 12-4 na temporada, veio outra derrota no divisional round, dessa vez para o Indianapolis Colts, e com isso as esperanças dos torcedores dos Broncos em ver o time ganhar o Super Bowl com Manning estavam se acabando.Diferente das temporadas anteriores, Manning versão 2015 já não tinha a mesma eficiência e, para piorar, começou a pesar a sua idade e as lesões, tanto que Brock Osweiler foi o QB titular em boa parte da temporada, mas mesmo assim Denver terminou 12-4, muito graças a sua dominante defesa liderada por Von Miller, fundamental para a conquista do seed #1 na AFC.Torcendo como louco para que o time avançasse para o Super Bowl para se redimir da derrota acachapante 2 anos atrás, vi os Broncos derrotarem os Steelers no divisional round e mandarem os Patriots de volta para New England na final de conferência. A decisão de ir assistir o Super Bowl in loco contra o Carolina Panthers, liderado pelo MVP da temporada Cam Newton, no Levi Stadium e, consequentemente, riscar o evento número 1 da minha lista, veio no segundo em que Tom Brady foi interceptado na tentativa de conversão de 2 pontos com 12 segundos no relógio e, sendo assim, tive menos de duas semanas para organizar minha ida para a California.Chegando em San Francisco, o clima era 100% football, e em todos os cantos da cidade, torcedores ostentavam as jerseys de seus times preferidos, shows de diversos cantores, lojas com milhares de produtos, NFL experience com inúmeros jogadores, enfim, a cidade que abriga o jogo vive uma fantástica transformação, e muitas pessoas viajam para as cidades-sede do Super Bowl só para sentirem esse clima especial.No dia 07 de fevereiro de 2015, após uma noite mal dormida por causa da ansiedade, fui até Santa Clara, 4 horas antes do jogo, mesmo sabendo que o estádio só abriria 2 horas antes do confronto, e tudo porque queria sentir ao máximo o clima de estar vivenciando uma experiência única, poder ver os torcedores chegando, os jornalistas gravando as suas reportagens e ver a organização de um evento tão grandioso. Entrando no estádio, há uma enormidade de entretenimentos, com jogos de arremesso da bola oval, locais para tirar foto, emissoras gravando os seus programas ao vivo, aqueles que você só vê pela TV e estavam ali, na minha frente, menos de 1 metro de distância. Fotos com o troféu Vince Lombardi, comida e bebida gratuitas oferecidas pelos patrocinadores, show do Seal, lojas com inúmeros produtos dos Panthers e Broncos, ou seja, tem tanta coisa para fazer que fiquei até perdido com as opções.Decidi ir cedo para o meu lugar, não queria perder nada, e achava que se piscasse muito os olhos deixaria de ver algo, estava quase como um camaleão, com cada olho vendo uma coisa diferente. As arquibancadas iam se enchendo, os times entraram em campo para começarem a se aquecer e os VIPs apareciam em uma frequência maior que guardadores de carro nos arredores dos estádios de futebol; Stephen Curry, Kevin Durant, Usher, todos ali, como torcedores, era realmente melhor do que eu esperava. Antes do jogo começar, ainda houve uma homenagem aos MVPs dos Super Bowls, com a presença de todos eles: Aaron Rodgers, Tom Brady, Eli Manning, Drew Brees, Troy Aikman, Joe Montana, Jerry Rice, Steve Young, Ray Lewis, algo indescritível ver todos esses jogadores ali perto.[[{“type”:”media”,”view_mode”:”media_large”,”fid”:”651″,”attributes”:{“class”:”media-image aligncenter wp-image-2151 size-full”,”typeof”:”foaf:Image”,”style”:””,”width”:”1200″,”height”:”748″,”alt”:””}}]]O duelo começou logo após Lady Gaga cantar o hino nacional americano, e Denver, vestindo uniforme branco, exatamente igual a quando ganhou o bicampeonato 97/98, começou abrindo 3 a 0 em um FG de 34 jardas, convertido por McManus. Depois, aumentou a vantagem para 10 a 0 após um fantástico fumble forçado por Von Miller em Cam Newton, com a bola indo para a end zone e sendo recuperada por Malik Jackson e, contra todas as minhas expectativas, Denver comandava o jogo.O segundo quarto iniciou e os Panthers tiraram o zero do seu placar com um TD em uma corrida de 1 jarda de Stewart, e os torcedores de Carolina gritavam alucinadamente “keep pounding, keep pounding”, mas quem batia mesmo era a defesa dos Broncos, dominando completamente Cam Newton & Cia. McManus ainda converteu outro FG para aumentar novamente a vantagem da franquia do Colorado e os times foram para o vestiário com a vantagem de 13 a 7 para Denver.Mal os times haviam saído do campo, começa uma revolução, com centenas de pessoas montando o mega-palco do show do intervalo, que seria nada mais nada menos que o trio Coldplay, Beyonce e Bruno Mars, e foi realmente um espetáculo a parte, não tive coragem de sair do meu lugar para comprar um hot-dog e nem para ir ao banheiro.O terceiro quarto foi marcado por dois FGs, um desperdiçado com Gano e outro convertido por McMannus, deixando o jogo 16 a 7 para o Denver Broncos e ainda garantindo o controle do relógio.O último quarto começa com um fumble perdido por Manning, dando ao time de Carolina a esperança de conseguir a virada, mas o máximo que conseguiram foi um FG, 16 a 10, e com a partida acabando, eu ficava cada vez mais apreensivo, só que Von Miller parecia possuído, e afundava Cam Newton no gramado. Após um sack, a bola sobra para TJ Ward na linha de 5 do ataque, e Manning em 3 jogadas coloca mais 6 pontos no placar dos Broncos, através de uma corrida de CJ Anderson e ainda aumenta a diferença para 24 a 10 com uma conversão de 2 pontos, deixando duas posses de vantagem e eu com um sorriso de orelha a orelha.Mesmo já sabendo que não tinha mais como Denver perder o jogo, ainda tive tempo para roer todas as unhas até gritar como um louco quando o confronto acabou e Peyton Manning levantou o troféu Vince Lombardi pela terceira vez na história dos Broncos.Final: Carolina Panthers 10 X 24 Denver BroncosCertamente não foi dos jogos mais emocionantes, mas ver uma defesa tão dominante, assistir o time que torço vencer o Super Bowl, estar presente no estádio sentindo o clima de um evento pra lá de grandioso, perceber o quão fantástico é o show do intervalo, fazer parte de toda a atmosfera do estádio enquanto a história está sendo escrita e ouvir o último “Omaha” de Peyton Manning são coisas que levarei para o resto da minha vida.Foi uma experência que irei compartilhar com a minha filha e provavelmente meus netos, tornando o Super Bowl 50, sem sombra de dúvidas, o mais marcante que já assisti.

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