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Super Bowl LI – O dia em que aprendi a nunca duvidar da dupla Brady/Belichick

(por Rafael Lima)Pra quem ama esse esporte, todo Super Bowl é inesquecível, pode ser um jogo monótono como o XLVIII, em que os Seahawks massacraram os Broncos, ou uma partida recheada de emoção, do jeito que foi o XLIII, decidido no final com a recepção de Santonio Holmes. Desde que comecei a acompanhar de verdade, lembro detalhes de todos os confrontos, mas obviamente as decisões que envolvem meu time tem um aspecto especial, seja por uma frustrante recepção de capacete de David Tyree ou uma brilhante interceptação na linha de uma jarda por Malcolm Butler.Muita gente chama os torcedores dos Patriots de modinhas, acham que são pessoas que só gostam de time que está ganhando. E pode até ter gente assim, mas tem muita gente que foge desse estereótipo, até porque estamos falando da franquia com maior torcida no Brasil. Além disso, ser fã da equipe de New England não é tão fácil assim…Eu não me interessava por futebol americano na época dos 3 primeiros títulos patriotas, só queria saber de ver futebol e basquete, mas passei a me interessar em 2007, por influência de amigos em um novo trabalho e do game Madden. Esta foi a temporada perfeita dos Pats e começar a assistir com o privilégio de poder apreciar a dupla Brady/Moss, despertou uma febre que não passou mais, nem mesmo com uma campanha liderada por Eli Manning e finalizada por Plaxico Burress.Além do New England Patriots ter sido um time muito legal de se acompanhar no meu desbravamento da NFL, ele é da região de Boston, assim como o meu Celtics, por isso, foi fácil me tornar torcedor desta gloriosa franquia.Desde então foram temporadas de esperança e frustração, sucessivamente, deixando este torcedor que vos escreve cada vez mais calejado. Eis que uma chamada errada dos Seahawks combinada a predestinação do novato Malcolm Butler, pode me proporcionar a emoção de ver meu time campeão do Super Bowl pela primeira vez. Mas apesar do ineditismo desta conquista pra mim, passei por uma emoção ainda maior, uma alegria ainda mais reconfortante, algo impossível de ser idealizado pelos melhores roteiristas de Hollywood, que desafiou a lógica e todos os parâmetros de uma partida de futebol americano, o Super Bowl LI – a maior virada da história dos esportes.Existiram grandes reviravoltas em decisões esportivas pelo mundo, como a primeira vitória de Anderson Silva contra Chael Sonnen, quando o brasileiro apanhou por 4 rounds seguidos, mas já cansado, tirou forças sabe-se lá de onde, para encaixar um triângulo e manter o cinturão. Nos esportes coletivos, lembro da final da Champions League de 99 em que o Manchester United estava perdendo por 1 a 0 até os 46 minutos, quando Teddy Sheringham empatou a partida e, 2 minutos depois, Solskjaer virou o confronto épico. Daria pra falar do título da Champions de 2005 do Liverpool sobre o Milan, depois de estar perdendo por 3×0 e algumas outras superações inesquecíveis, mas nada se compara ao que foi a decisão da liga de futebol americano do ano passado. Algo como se o Brasil tivesse virado a semi-final contra a Alemanha, depois de ir para o intervalo perdendo por 5 a 0.Tenho muita tranquilidade pra falar deste embate, porque foi o jogo que mais assisti na vida, na semana após o Super Bowl, vi mais umas 6 vezes, como se ainda não tivesse acreditado no que aconteceu, após isso, ainda vi mais algumas vezes, com áudio em português, em inglês, som ambiente do campo, enfim, de todas as formas possíveis.Lembro de ter acordado com uma tremenda ansiedade no dia 5 de fevereiro do ano passado, queria que o tempo voasse pra chegar logo o momento da partida, que já havia combinado de assistir em um bar com amigos. Minha esposa estava em início de gravidez e acabou não indo comigo.Cheguei no Australiano Bar e o local estava lotado de torcedores com jerseys das mais variadas, porém, apenas com dois tipos de torcida: Contra e em favor dos Patriots.[[{“type”:”media”,”view_mode”:”media_large”,”fid”:”655″,”attributes”:{“class”:”media-image aligncenter wp-image-2158 size-full”,”typeof”:”foaf:Image”,”style”:””,”width”:”2727″,”height”:”1819″,”alt”:””}}]]A final começou monótona e o primeiro quarto acabou sem alterações no placar. Meu nervoso já tinha aumentado, mas acredito que não estava preparado para o que vinha na sequência. No segundo período, um fumble de LeGarrette Blount iniciou o sofrimento, com requintes de crueldade, para os torcedores de New England. Foi um TD corrido de Devonta Freeman (como jogou naquela temporada), outro aéreo em um lindo lançamento de Matt Ryan para Austin Hooper e ainda uma pick six de Robert Alford depois de ter interceptado um passe ruim de Tom Brady, abrindo 21 a 0 depois do extra point. Stephen Gostkowski descontou com um FG nos últimos segundos antes do intervalo.E foi no halftime show que tomei a pior decisão da noite, preocupado com a mulher grávida e desacreditado do meu time, resolvi ir embora durante o show da Lady Gaga, ouvindo brincadeiras dos antis para que eu ficasse para ver a “virada” dos Patriots e até um apelo do também colunista da Playmaker Brasil, pedindo para que eu permanecesse ali, que eu acreditasse, como se em uma psicologia reversa, fizesse ele acreditar também. Antes de ir embora, tamanha a convicção que tinha que o duelo já estava decidido, disse a seguinte pérola: “Se os Patriots virarem, colocarei a cueca por cima da calça no dia seguinte”.Peguei minha mulher, que estava na minha mãe (que mora em frente ao bar) e fui correndo pra casa, para ver o final daquela tragédia, apenas por motivos de fanatismo em relação a esse esporte. Assim que liguei a TV na minha residência, passe de Ryan para Tevin Coleman e 28 a 3 no marcador! (na minha cabeça a única coisa que passava era: Onde é que isso vai parar!).Antes do fim do terceiro quarto, Brady ligou James White para diminuir um pouco a vergonha, embora Gostkowski tenha perdido o extra point. E, já no quarto período, o kicker se redimiu com um field goal e, na sequência, veio a primeira jogada que me fez vibrar na noite, o fumble forçado de Dont’a Hightower em Matt Ryan, recuperado pelos patriotas, que proporcionou uma campanha finalizada em touchdown por Danny Amendola, seguido de uma conversão de 2 pontos de James White, após um fake maravilhoso de Tom Brady, diminuindo a diferença para 28 a 20.Os Patriots não podiam mais sofrer pontos , mas um lançamento longo de Ryan para uma recepção fantástica de Julio Jones, próximo a linha de 30 jardas de ataque para Atlanta, caiu como um balde água fria. Apesar disso, a defesa funcionou bem e New England evitou qualquer pontuação do adversário.[[{“type”:”media”,”view_mode”:”media_large”,”fid”:”654″,”attributes”:{“class”:”media-image aligncenter wp-image-2157 size-full”,”typeof”:”foaf:Image”,”style”:””,”width”:”1724″,”height”:”993″,”alt”:””}}]]No drive que veio depois, uma recepção milagrosa de Julian Edelman no meio de 3 defensores, após um passe quase interceptado de Tom Brady, me encheu de confiança (agora nada pode nos parar!).E não podia mesmo, James White em outra bela corrida pelo meio, anotou o TD que deixava os Patriots apenas 2 pontos atrás. Apesar do momento tenso, a confiança passou a tomar conta de mim e eu já tinha a certeza de que a conversão de 2 pontos teria sucesso. Não deu outra, passe de Brady para Amendola invadir no limite da end zone, empatando o confronto. Que coisa surreal!A partir daí eu pulava, comemorava, comia os dedos, mas tinha certeza absoluta que nada daria errado. James White tratou de confirmar minha convicção e cruzou a linha final para dar o quinto anel para esta franquia tão vitoriosa. Em casa uma explosão de sentimentos, inclusive de risos ao ver a comemoração da Gisele “loucaça”, como diria Rômulo Mendonça.Para encerrar, no calor da emoção, fiz duas coisas: Concluí definitivamente que nunca se deve duvidar da capacidade da dupla Brady/Belichick e tirei uma foto com a cueca por cima da calça para postar no meu grupo de WhatsApp, passando o ridículo mais feliz da minha vida!

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