Já se passaram quase dois anos desde a penúltima vez que Brian Ortega competiu no UFC, e antes mesmo que ele tivesse a chance de dar um único soco, sua co-luta principal com Yair Rodriguez quase terminou.
Quando Bruce Buffer o apresentou ao público no UFC Cidade do México, Ortega pulou no ar, mas caiu desajeitadamente no tornozelo. Ele se firmou sem cair no chão, mas não houve dúvidas de que Ortega estava ferido, o que foi notado diversas vezes pela equipe de transmissão.
Apesar da lesão bizarra e do quase nocaute de Rodriguez no round inicial, Ortega se recuperou e garantiu uma vitória por finalização no terceiro round. Mas ele admitiu que seu tão esperado retorno quase parou repentinamente antes mesmo de começar.
“Fale sobre as coisas que estão contra mim”, disse Ortega na coletiva de imprensa pós-luta do UFC na Cidade do México. “Bruce [Buffer] estava me apresentando e então eu pulei e, quando caí, girei o tornozelo. Eu estava tipo, ‘Oh, droga.’ Eu olhei para o meu treinador e pensei, ‘Isso é ruim.’ Ele disse, ‘Não se preocupe com isso.’ Ele estava apenas me dizendo para entrar na zona, isso não importa.”, explicou.
“Quando eles o apresentaram, eu estava tentando flexionar meu tornozelo, tipo, ‘Vamos lá, trabalhe, não se atreva a me decepcionar agora. Temos cinco round, não é um co-evento principal normal!’ Eu estaria mentindo se dissesse que o pânico não se instalou nem por um momento. Então, obviamente, comecei logo. Logo de cara comecei, fui cortado e depois paguei o preço por não estar na zona e me concentrei no que deveria fazer. Eu sobrevivi.”, contou.
Foi um round de abertura angustiante, mas Ortega acabou montando em Rodriguez antes que a buzina final soasse. Ele então controlou o segundo round com um jogo de luta agarrada dominante que colocou Rodriguez em seu encalço pela primeira vez.
O terceiro round mal começou e Ortega garantiu outra queda e encerrou a luta com um estrangulamento via triângulo de braço que obrigou Rodriguez a bater.
Olhando para trás agora, Ortega sabia que a lesão no tornozelo o distraiu no primeiro round e poderia ter custado a luta, mas felizmente isso não aconteceu.
“Estava doendo e, obviamente, quando você presta atenção nisso, é difícil realmente focar na luta”, disse Ortega. “Eu fico tipo, ‘Cara, foi isso que aconteceu agora. Que idiota. Você torce o tornozelo agora mesmo na frente de 22.000 pessoas e tem uma guerra com esse cara durão no México e todo mundo está indo atrás dele. Eu tive que lutar contra alguns demônios lá.”, afirmou.
No final, Ortega deu conta do recado e a vitória sobre Rodriguez o consolidou como um dos principais candidatos novamente no peso pena, apenas uma semana após a coroação de um novo campeão.
Ilia Topuria levou para casa o título dos penas com um nocaute impressionante sobre Alexander Volkanovski na luta principal do UFC 298, e agora espera a chance de defender o cinturão. O CEO do UFC, Dana White, disse após o evento de sábado que espera dar um retorno a Topuria, com a próxima luta do novo campeão acontecendo na Espanha em 2024.
Brian Ortega fala sobre enfrentar Ilia Topuria pelo cinturão
Ainda não há adversário, embora Volkanovski tenha pedido uma revanche imediata devido ao seu longo reinado como campeão antes da derrota por nocaute.
Até Ortega concordou que Volkanovski merecia reconhecimento depois de uma campanha tão impressionante no topo do peso pena, mas se ele precisar de uma folga, então “T-City” está mais do que disposto a oferecer um novo desafio a Topuria.
“Há algumas dúvidas, mas obviamente Volk foi um grande campeão”, disse Ortega. “Para as pessoas derrubá-lo agora, acho meio desrespeitoso por tudo o que ele fez.”, seguiu.
“Algumas coisas têm que acontecer e veremos. Mas se ele decidir que não quer lutar e relaxar, então ficarei mais do que feliz em ir para a Espanha.”, continuou.
Quanto a evitar outra guerra como a que teve com Rodriguez, Ortega obviamente espera que a estranha lesão no tornozelo nunca mais aconteça, mas mesmo que tudo ocorra perfeitamente, ele sabe que é quase impossível sair ileso neste nível.
Ele não pode dizer com certeza como seria uma luta contra Topuria ou qualquer outra pessoa, mas Ortega sabe que mostrou seu coração e resiliência repetidas vezes ao longo de sua carreira no UFC. Sua última vitória é apenas mais uma prova disso.
“Quer dizer, veja a situação em que estou”, disse Ortega. “Não há lutas fáceis, nem vitórias fáceis aqui. Se eu tivesse sido [desclassificado] em 45 ou algo assim, provavelmente seria diferente. Mas desde 2017, não passaram de eventos principais, co-eventos principais, lutas de cinco rounds. Não tive uma luta fácil em toda a minha carreira, se você prestar atenção.”, analisou.
“Eles me jogaram para o melhor dos melhores. Lutei com Max [Holloway] quando ele era Max. Lutei com Volk quando ele era Volk. Eu lutei, você escolhe. Isso é quem eu sou. Eles me dão um nome, eu digo que sim. Eu não faço a colheita, você pode me dar outra? Eu digo: ‘Quem eles disseram?’ Eles disseram essa pessoa. Eu digo: ‘Legal, vamos lá.’”, completou.
