(por Antonio Vinicius)Em um país tão conturbado e desigual como esse em que vivemos, são raros os momentos de alegria que temos. Um deles, a 29 anos, não podemos mais presenciar. Ayrton Senna da Silva, cria do Jardim Paulista, localizado na zona norte da maior metrópole do país. Corinthiano raiz, e, acima de tudo, cidadão brasileiro. Quando eu digo cidadão, não me refiro a apenas ser mais um brasileiro, e sim o cidadão brasileiro. Em época de extremo caos no país com os últimos anos da ditadura militar, e de muita pobreza nas periferias, Ayrton fazia o possível e impossível para trazer alegria ao povo e conscientização ao pessoal de Brasília. Dentro das pistas, um gigante. Um dos três maiores pilotos de todos os tempos para este que vos escreve. Os números da carreira que foi fatalmente encurtada estão aí para provar. 3x campeão mundial (1988,1990 e 1991), 41 vitórias,80 pódios, 65 pole positions e 19 voltas mais rápidas, além das incontáveis alegrias dada ao povo brasileiro fora das pistas. Algumas vitórias extremamente marcantes, como a primeira vitória dele em Interlagos 1991, ou até mesmo uma de suas seis vitórias no tradicional circuito das ruas de Mônaco, número que até o momento ninguém conseguiu bater. Como faz falta Ayrton Senna da Silva. Para a categoria e história da F1, todos sempre se recordam de seus embates com seu ex-companheiro de equipe Alain Prost. Muitas vezes inimigo número 1 dentro das pistas, mas no fundo, bons amigos fora delas. Em uma era recheada de grandes pilotos como Nigel Mansell, Nelson Piquet, o já citado Alain Prost, o nosso Ayrton conseguia ser uma voz extremamente ativa nas reuniões de pilotos com a FIA, visando a maior segurança dos mesmos nas pistas. Não podemos esquecer também do projeto social que era um sonho do Ayrton, mas só pode ser viabilizado quando ele já não estava mais entre nós… o Instituto Ayrton Senna, fielmente tocado pela sua irmã Viviane, leva educação para todos. O que deveria ser um dos pilares da nossa sociedade, já dizia o Ayrton. São 29 anos de saudades, após um trágico acidente na curva tamburello em Imola, o mesmo circuito que também veio tirar a vida do austríaco Roland Ratzenberger questão de horas antes, e quase tirou a de Rubinho em uma fortíssima batida no treino de sexta-feira. Hoje nós sabemos que pelas leis da Itália, aquele maldito GP não poderia ter se iniciado pelo ocorrido de sábado. Sabemos que poderia ter sido evitado, mas, quem somos nós pra entender a mente humana onde o dinheiro vale mais que vidas, não é mesmo? Ayrton deixou um legado impecável. Foi-se no auge de sua carreira, marcou época e honrou o seu país em todo planeta terra. Em tempos em que estamos tão carentes de ídolos nacionais, Ayrton Senna da Silva segue sendo um dos nosso maiores. Como diria o seu amigo Galvão Bueno, as manhãs de domingos não são as mesmas sem você, Ayrton. O dia 1º de Maio sempre será lembrado na categoria pela fatalidade. Mas no Brasil, sempre será lembrado pela perda de um dos mais importantes Silvas que tivemos. O nosso e único Ayrton Senna da Silva. Ou, simplesmente, Ayrton Senna do Brasil!
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